As portas ainda estão fechadas, mas as vendas totais do Magazine Luiza ainda mostram crescimento em abril e maio na comparação ano contra ano, na medida em que a explosão do online compensa o deserto do varejo físico.  A rentabilidade ainda está de quarentena.
 
Os dados foram divulgados pela companhia agora à noite junto com o resultado do primeiro trimestre.
 
Em abril, as vendas totais cresceram 7% em relação ao mesmo mês do ano passado, e, nos primeiros 20 dias de maio, o crescimento acelerou para 46%.
 
O salvador da pátria: o ecommerce.
 
Em abril, as vendas online mais que dobraram, um ganho de 138%.  (O ecommerce tradicional, em que a companhia carrega estoque próprio, subiu 109%, enquanto o marketplace avançou 235%).
 
Em maio, até o dia 20 o ecommerce crescia 203% — 194% na operação tradicional e 229% no marketplace. 
 
Nas lojas físicas da companhia, a queda das vendas em abril ficou em 84% na comparação anual.  Mas com a reabertura de cerca de 40% das lojas a partir de 22/4, as vendas até 20 de maio indicavam uma queda de faturamento de “apenas” 53%.  
 
O Magazine estima que deixou de faturar R$ 500 milhões no primeiro trimestre com o fechamento temporário de todas as lojas a partir de 20 de março.
 
Mas apesar do forte crescimento das vendas online, está difícil ganhar dinheiro.
 
As lojas físicas, que têm margem mais alta que o online, continuam gerando custos fixos apesar de estarem fechadas.
 
“Fizemos esforços relevantes de renegociação de contratos e redução de custos, mas não a ponto de compensar a queda de vendas,” disse a companhia.
 
Além disso, o custo de entrega do e-commerce aumentou: com as lojas fechadas, o “Retira Loja”, que representava 40% das vendas online, ficou inviável. 
 
As lojas fechadas também dificultaram pagamentos de prestações para milhões de consumidores e aumentaram a inadimplência da Luizacred.
 
A administração notou que os efeitos da pandemia, que já se manifestaram no primeiro tri, “devem ter impacto ainda maior no segundo.”
 
Tentando ver o copo meio cheio, o Magalu disse que tem um “hedge natural geográfico”, porque mais de 70% de suas lojas estão em cidades pequenas — com menos de 400 mil habitantes — e devem sair do isolamento social antes das metrópoles.
 
No primeiro trimestre, o Magalu faturou R$ 7,7 bilhões em gross merchandise value (GMV), que soma as vendas de seu estoque próprio com as vendas de terceiros na plataforma. O número ainda é uma alta de 34% sobre o ano passado.
 
Numa nota de rodapé, o Magazine disse que pediu a seus auditores da KPMG para certificar seu GMV — no jargão dos auditores, uma “asseguração independente”. Um executivo disse ao Brazil Journal que a companhia tomou a iniciativa de fazer a asseguração porque o GMV “passou a ser muito importante para os analistas de mercado.” 
 
O Magazine tem hoje um caixa total de R$ 5,4 bilhões graças à oferta de ações que fez em novembro e à uma emissão de debêntures que levantou R$ 800 milhões em abril.