A Levante — uma casa de research independente com mais de 50 mil clientes — está comprando 20% da OHM Research, a plataforma de análise fundada por Roberto Attuch Jr. com foco na cobertura internacional.
A transação inclui ainda uma opção de compra para a Levante adquirir o restante do capital em dois anos, quando as duas operações serão fundidas.
Felipe Bevilacqua, o cofundador da Levante, disse que a transação é “altamente complementar” e vem num momento positivo para o mercado.
“A Levante é muito focada na cobertura de ações locais,” ele disse ao Brazil Journal. “Já a OHM tem uma cobertura muito forte de ações e renda fixa internacional, que é um tema que ganhou relevância nos últimos anos com o surgimento de várias plataformas para investir no exterior.”
Fundada em 2018 pelos irmãos Felipe e Rafael Bevilacqua, a Levante tem uma equipe de 40 analistas que cobrem principalmente ações brasileiras. A empresa disse que vende seus relatórios para uma base de 50 mil assinantes pessoa física, que pagam um tíquete médio de R$ 1.200 por ano.
Ela também atua no B2B, vendendo suas análises principalmente para assessores de investimentos que pagam uma mensalidade maior que o B2C. Nessa frente, já são mais de 4.000 assinantes.
Já a OHM opera num modelo diferente. A empresa criou uma plataforma de research internacional que funciona como uma espécie de Netflix: analistas independentes de vários países sobem seus relatórios na plataforma, e ganham um repasse da receita de acordo com a relevância do seu conteúdo para os assinantes da OHM.
Segundo Attuch, a maior parte dos assinantes da OHM são investidores institucionais, que pagam R$ 1.500 por mês, em média, para ter acesso à plataforma.
Num primeiro momento, a ideia é criar um produto ‘cobranded’ que será oferecido aos clientes B2B da Levante. No futuro, as duas empresas também querem oferecer um produto de entrada da OHM para o investidor pessoa física.
Attuch disse que a OHM já desenvolveu um plano de entrada, chamado Welcome, que custa R$ 30 por mês e dá acesso a um resumo dos calls do research, a uma área de notícias e a um stock guide (uma ferramenta que mostra dados das empresas americanas como o P/L, EV/EBITDA e dividend yield usando a cotação em tempo real).
A transação vem num momento em que o interesse do investidor brasileiro por investimentos no exterior continua crescendo.
“Qualquer brasileiro está estruturalmente exposto ao Brasil, porque nosso maior patrimônio é o valor presente do nosso trabalho, que depende do Brasil ir bem,” disse Attuch. “Não faz sentido correlacionar toda a poupança a isso também.”
Ainda que o mercado de research pareça saturado, Felipe disse que existem “pouquísimas” casas que operem de forma independente e que tenham uma estrutura robusta para entregar uma análise com um diferencial.
“Só pra conseguir ter uma cobertura completa de Brasil você precisa ter pelo menos uns 30 analistas, pra conseguir olhar bem todas as empresas,” disse ele.