A Motiva (a antiga CCR) acaba de vender sua operação de aeroportos para a empresa mexicana ASUR, o Grupo Aeroportuario del Sureste, por um enterprise value de R$ 11,5 bilhões — quase um terço de seu valor de mercado.
O valor da transação contempla R$ 5 bilhões em equity e R$ 6,5 bilhões em dívidas por 100% da CPC Holding, veículo que consolida a operação de 20 aeroportos administrados pela companhia.
O investimento marca a entrada da ASUR no Brasil. A empresa administra nove aeroportos no México, entre eles o de Cancún, e outros sete na América Latina.
Com o negócio, a ASUR, que vale US$ 8,3 bilhões na Bolsa de Nova York, se tornará a maior empresa do setor na região.

A transação saiu a 8,8x EV/EBITDA, acima do múltiplo da Motiva, que negocia a 5,7x o EV/EBITDA para os próximos doze meses.
O pacote de ativos inclui 17 aeroportos no Brasil e três em outros países da América Latina, com uma receita de R$ 3 bilhões nos 12 meses encerrados em setembro e uma margem EBITDA de 51%.
O negócio precisa da aprovação da Anac e de autoridades concorrenciais no exterior.
O CEO Miguel Setas disse a investidores agora à noite que a Motiva recebeu 20 propostas pelos aeroportos, que depois evoluíram para 11 propostas não-vinculantes até chegar a quatro finalistas.
“Foi o melhor deal no setor de aeroportos, segundo os nossos assessores, então tem uma relevância internacional,” disse Setas. “Foi um múltiplo bastante interessante e vai ser accretive para a nossa operação.”
A venda dos ativos aeroportuários faz parte do plano de simplificação do portfólio anunciado pela Motiva no investor day deste ano chamado de “Ambição 2035”.
Após a conclusão do negócio, a alavancagem da Motiva deve cair de 3,5x para 3x, segundo os cálculos da empresa.
Setas quer ampliar o foco nas operações de rodovias e trilhos, num momento em que a Motiva já tem um pipeline de R$ 160 bilhões de oportunidades mapeadas para os próximos anos.
A empresa diz ter R$ 55 bilhões em capex para executar até o fim de suas concessões, a maior parte nos próximos dez anos.
Com a venda dos aeroportos, a Motiva diminuirá sua quantidade de ativos administrados de 37 para 17, o que segundo Setas ajudará na gestão do dia a dia.
Depois da transação de hoje, a Motiva já alcançou o piso de sua meta de desinvestimentos anunciada recentemente (considerando apenas equity), entre R$ 5 bilhões e R$ 10 bilhões. Setas disse que para alcançar o restante do valor a empresa pode atrair um sócio minoritário na operação de trilhos ou vender ativos pontuais do portfólio.
A ação da Motiva sobe 34% nos últimos doze meses. A empresa vale R$ 32 bilhões na Bolsa.
Itaú BBA e Lazard assessoraram a Motiva.
A ASUR não usou assessores financeiros.
Pinheiro Neto foi o assessor jurídico da Motiva, e o BMA assessorou a ASUR.











