Num momento de hipertensão no mercado de crédito, a JGP quer ampliar sua atuação nesse segmento em busca de diferenciação de produto.
A área de crédito da gestora de André Jakurski está fazendo uma joint venture com a L6 Capital, uma boutique carioca especializada em M&As e operações de dívida.
“Esse mercado tem ciclos. Precisamos ser capazes de estruturar operações e gerar valor para os clientes em diferentes períodos,” Alexandre Muller, o sócio responsável pela JGP Crédito, disse ao Brazil Journal.
A JGP Crédito tem R$ 6,5 bilhões sob gestão.
“Poucas boas operações estruturadas por bancos chegam até a gente hoje,” disse Muller. “Não estou falando de crédito de primeira linha, mas de ativos diferenciados.”
A L6 origina em torno de R$ 250 milhões em operações de crédito por ano – um valor que, na visão dos sócios, deve subir com a integração entre as empresas.
“Podemos ser mais assertivos e fazer operações sabendo da demanda do lado dos fundos,” diz Fernando Kunzel, o sócio da L6 que comandará a nova empresa, chamada JGP L6.
A nova empresa não vai estruturar operações apenas para a JGP. Quando trabalhar para a JGP, não ganhará uma taxa de distribuição. “A ideia é que o spread seja repassado aos fundos estruturados por meio de taxas mais elevadas de rentabilidade,” disse Muller.
“A L6 nos ajuda nessa frente e nós ajudamos dando escala e sinergia para o crescimento da atuação em M&A.”
Antes de fundar a L6 em 2015, Kunzel trabalhou no Lloyds, no Citi e no BTG Pactual, onde ficou de 2001 a 2009. “Comecei no crédito, que é a área em que conhecemos as empresas de fato, e migrei para o M&A.”
A L6 atua principalmente no middle market, e assessorou empresas como a startup Voa Hotéis e a Neorede Telecom, um ISP.
Muller e Kunzel vêem espaço para crescer nos segmentos de infraestrutura, agronegócio, imóveis e ESG – áreas em que a JGP passou a atuar recentemente – além de special situations.
Diferentemente de boa parte do mercado, Muller tem uma visão mais “construtiva” sobre o mercado de crédito. “Estamos na iminência de uma mudança de narrativa.”
Para ele, pode haver mais problemas em “zombie companies”, empresas cuja situação financeira já era complicada e piorou com a alta dos juros.
“Por outro lado, essa leva recente de capitalização de empresas sólidas é um sinal importante, que mostra confiança na retomada de companhias com modelos sólidos,” disse o gestor.