A ação da JBS já subiu 252% nos últimos 12 meses (e 170% desde o início do ano), mas para o Credit Suisse, ainda tem carne nesse churrasco.

O banco começou a cobrir a empresa com um preço-alvo de R$ 40 — um upside de 29% a partir dos níveis atuais.

Para o banco, independentemente da febre suína africana —que dizimou metade do rebanho chinês, abrindo mercado para outras proteínas e reprecificou as ações de frigoríficos — os resultados da JBS vão continuar crescendo nos próximos trimestres. 

E, se a companhia listar suas operações internacionais nos EUA, a companhia ainda deve acelerar aquisições e seu múltiplo vai mudar de patamar.

O banco estima que a JBS USA, responsável por 51% da receita da companhia, vai aumentar sua margem para próximo de 10% depois do incêndio que paralisou uma grande planta da Tyson.  (A margem da JBS USA foi de 8% no ano passado, pré-incêndio.)

No Brasil, as margens também devem aumentar depois que a JBS conseguiu certificar 25 plantas para exportação para a China.

O banco está menos bullish quanto à Pilgrim’s Pride — a companhia de aves que a JBS controla nos EUA — e à operação de suínos que a empresa tem nos EUA.  O motivo: ambas dependem de boas relações comerciais com a China.

“Não há consenso no mercado sobre a redução real da produção de carne suína na China e como isso afetará os preços internacionais. No entanto, o aumento de 6% nos preços da carne suína na China nos últimos 30 dias (um aumento de 97% desde março de 2019) nos deixa à vontade em assumir que a febre suína ainda está longe de ser resolvida,” escreveram os analistas Victor Saragiotto e Felipe Vieira no relatório de 70 páginas. 

 
Para eles, “os impactos no mercado global de proteínas parecem duradouros, dado o longo ciclo de produção de carne suína, mudando persistentemente a dinâmica do mercado em um futuro próximo. Os volumes exportados de carne suína para a China já aumentaram 33% e 75% no acumulado do ano no Brasil e nos EUA, respectivamente, e a JBS não está imune a isso. Em nossas estimativas, há espaço para novos aumentos nas margens, potencialmente tornando 2020 um dos melhores anos da história da empresa.”  

A preços de hoje, o CS estima que a JBS negocia a 5,9x EV/EBITDA para 2020, comparado a 4,7x para Marfrig e 8,1x para a BRF.  Nos EUA, a média do setor negocia a 9,1x, e o concorrente mais comparável, a Tyson, negocia a 8,8x.

Os analistas dedicam uma parte do relatório a listar os financiamentos e injeções de capital do BNDES na empresa.

No total, o banco de desenvolvimento investiu R$ 5,6 bilhões na JBS, que hoje tem um valor de mercado de R$ 85 bilhões.

O BNDES é dono de 21% da companhia a um custo médio por ação de R$ 7,25 — o papel negocia a R$ 31.

“A JBS tem sido um investimento lucrativo para o BNDESPar, pois o preço atual das ações está bem acima do preço realizado pelo BNDES (BRL7,25/ação vs. BRL31,5/ação), sem mencionar os dividendos pagos.” 

O banco também analisa cada aquisição da JBS que o BNDES ajudou a financiar.  A análise — levando em conta o custo da ação recebida pelo banco comparado ao preço de mercado atual — mostra ganhos substanciais para o BNDES: 287% na Swift USA; 346% na Smithfield e na Five Rivers; e 347% numa operação de dívida mais tarde convertida em ações.