O Itaú BBA elevou o preço-alvo da ação da Moura Dubeux de R$ 9 para R$ 16 – um upside de 30% sobre o preço de tela da maior construtora e incorporadora do Nordeste.

O analista Daniel Gasparete participou de encontros na semana passada com o CEO Diego Villar, o CFO Marcello Dubeux, além de outros executivos da incorporadora e investidores locais.

Apesar do rali recente da ação, que fez o papel subir 120% desde o início do ano, o Itaú continua a ver um valuation atrativo de 4,8 x lucro para 2024 e 0,8x book (assumindo um ROE de 15% em 2024). O preç0-alvo embute um múltiplo de 1,1x book.

Nas conversas da semana passada, a Moura Dubeux disse que não espera um aumento da concorrência no Nordeste, onde a empresa é líder de mercado com 20% de share.

Segundo a empresa, os concorrentes locais são empresas menores, com atuações localizadas em pequenas cidades, enquanto a Moura Dubeux opera em sete estados.

Já as incorporadoras do Sudeste que se interessarem pela região tendem a enfrentar obstáculos por conta das diferenças de mercado: no Nordeste, por exemplo, as empresas usam mão de obra própria e raramente terceirizam, como fazem as empresas do Sudeste.

O management disse que não tem interesse em expandir a operação para outras regiões, pois acredita que o segmento de alta renda, o principal da empresa, requer um profundo conhecimento da dinâmica das cidades e dos clientes.

O plano é aumentar a liderança no Nordeste.  A Moura Dubeux também planeja retomar projetos comerciais no curto prazo, antevendo um aumento da demanda na região com a volta do trabalho presencial.

Com os lançamentos de 2021 e 2022 entrando na segunda metade da obra – o período de maior consumo de caixa – a Moura Dubeux deve passar de uma posição de caixa líquido a uma divida líquida de 15% a a 20% do book e meados de 2024.

A partir dali, a geração de caixa aumenta, e a empresa espera começar a pagar dividendos no início de 2025.

O management disse que a Mood – sua nova marca para imóveis para a classe média e a nova fronteira de crescimento da empresa – deverá lançar um VGV de R$ 500 milhões em 2024, com margem líquida de 15%; e crescer para R$ 1 bilhão em 2026. (A empresa faz apartamentos de R$ 350.000-500.000 para clientes com renda média mensal de R$ 12.000-15.000)

A operação de condomínio da empresa (mais conhecida como ‘obra por administração’) — e que responde por entre 33% e 40% do VGV de lançamento da companhia — teve um VGV de R$ 800 milhões nos últimos 12 meses; e o segmento tradicional, voltado para a alta renda, lançou cerca de R$ 1,2 bilhão. Isso significa que a Moura Dubeux trabalha com um VGV potencial de R$ 3 bilhões até 2026.

O número pode representar um upside para os números do Itaú, que hoje estima o VGV de longo prazo em R$ 2 bilhões.

A Moura Dubeux vale R$ 1 bilhão na Bolsa, com um giro diário ao redor de R$ 3 milhões. A família tem 35% do negócio.

O IPO foi uma oferta primária de R$ 1,1 bi que estabilizou a estrutura de capital e saiu a R$ 19/ação em fevereiro de 2020; o papel mergulhou para R$ 5 logo em seguida, quando eclodiu a pandemia, e depois do rali recente negocia ao redor de R$ 12.