Em mais um trimestre de resultados sólidos, o Itaú aumentou sua rentabilidade no segmento de varejo, sinalizou um panorama mais tranquilo no front do crédito e demonstrou capacidade de gerar retorno num ano complicado para o setor.

“O Itaú deu um check the box nas principais linhas do balanço,” disse um analista. “Este resultado consolida a visão de que, entre os incumbentes, ele tem feito o melhor trabalho no atual ciclo de crédito.”

O banco laranja reportou um lucro de R$ 9,04 bilhões, um pouco acima do consenso de R$ 8,95 bilhões captado pela Refinitiv.

O ROE consolidado subiu para 21,1% no terceiro tri (estava em 20,9% no tri anterior), enquanto o da operação brasileira chegou a 22% (frente aos 21,5% de abril a junho).

O retorno sobre o capital alocado na operação de varejo – que foi de 16,4% no terceiro trimestre de 2022 – agora bateu 18,8%.

Já o retorno do atacado diminuiu na comparação anual, de 32,3% para 28,4%, no que um analista chamou de um movimento de normalização.

A margem com clientes cresceu 9,3% na comparação anual e 2,3% frente ao segundo tri.

A margem com o mercado piorou – queda de 33% frente ao trimestre anterior – mas o impacto no resultado total foi pequeno, e se deveu, em parte, à venda da operação na Argentina.

A inadimplência acima de 90 dias ficou estável em 3% no consolidado e em 3,5% no Brasil.

Ao mesmo tempo, diversos indicadores sinalizam uma melhora na carteira de crédito nos próximos meses: houve queda na PDD, estabilidade nas renegociações de carteiras, redução da inadimplência de 15 a 90 dias e diminuição da ‘NPL creation’ do varejo (ou seja, o surgimento de novos empréstimos com problemas está menor).

“A inadimplência continua relativamente alta frente ao passado, mas a tendência de queda está mais clara,” disse um analista.

O banco também encerrou o trimestre com um índice de capital elevado, o que pode abrir espaço para uma maior distribuição de dividendos – o que deve ser um dos temas centrais do call de amanhã com analistas.

O ponto de atenção, como no trimestre anterior, foi o baixo crescimento das receitas de prestação de serviços.

A expansão tem ficado abaixo da inflação em razão principalmente da maior concorrência e de um mercado de capitais fraco.

Com a venda da operação na Argentina, o Itaú ajustou algumas linhas do guidance para 2023. O crescimento da carteira de crédito total neste ano deve ficar entre 5,7% e 8,7% (a projeção anterior ia de 6% a 9%).

A previsão para a expansão da margem financeira com clientes passou para o intervalo de 12,5% a 15,5% (estava entre 13,5% e 16,5%).