O Itaú acaba de comprar as participações do Grupo Pão de Açúcar (GPA), Casas Bahia e Assaí na FIC, encerrando uma sociedade de décadas no varejo brasileiro e abrindo uma avenida para novas formas de monetização dos balcões das varejistas.
A financeira foi criada quando as três empresas faziam parte do mesmo grupo, e sua venda já era negociada há um ano, segundo uma fonte próxima à transação.
O Itaú vai pagar R$ 260 milhões pela fatia do GPA e R$ 266 milhões pela participação da Casas Bahia. O Assaí, por sua vez, vai alienar a sua participação só daqui a dois anos por um valor próximo ao pago para as outras varejistas.
Com o negócio, que precisa do aval do CADE e do Banco Central, o Itaú vai acrescentar uma carteira de R$ 1,3 bilhão ao seu balanço, fontes próximas ao banco disseram ao Brazil Journal.
O dinheiro levantado pelo GPA será integralmente destinado à redução de dívidas. Levando em conta os números do terceiro tri, a dívida líquida cairia cerca de 10%. A alavancagem do GPA fechou setembro em 3,1x EBITDA.
Mas o maior ganho para a empresa deve vir da negociação de novos contratos de exclusividade com bancos, financeiras e seguradoras. Segundo uma fonte, o GPA já está em conversas com interessados para vender a exclusividade de seu balcão.
A BR Partners assessorou a companhia na negociação com o Itaú e está trabalhando nas próximas transações.
A ideia é ampliar o leque de produtos oferecidos aos clientes, como seguros e outras modalidades de financiamento, já que a parceria com o Itaú na FIC só contemplava o cartão de crédito.
Internamente, o GPA estima que poderá arrecadar cerca de R$ 2 bilhões com esses novos contratos – o fluxo estimado de revenue sharing, profit sharing, upfront payments e comissões ao longo dos próximos de 10 a 15 anos.
“Será possível explorar as bandeiras Pão de Açúcar e Extra com parceiros diferentes. O Itaú, por exemplo, estava mais focado em alta renda, e o Extra não fazia muito sentido para o banco,” disse uma fonte.
No caso da Casas Bahia, todo o dinheiro vai para o plano de transformação da companhia. Uma fonte da empresa disse que o dinheiro reforça o capital de giro e melhora a estrutura de capital, “além de destravar o balcão do Ponto Frio, que pode ser monetizado.”
Hoje as lojas da Casas Bahia têm uma parceria com o Bradesco, que emite 200 mil cartões de crédito por mês.
Nas próximas semanas, a Casas Bahia vai deliberar em assembleia a conversão de sua dívida remanescente em equity.
A ação do GPA sobe 0,8% no início da tarde, enquanto o papel da Casas Bahia cai 2%. As empresas valem R$ 1,9 bilhão e R$ 2 bilhões, respectivamente.











