O fundo de private equity da XP acaba de fazer sua segunda aquisição — comprando a maior rede de clínicas de botox do Brasil e colocando um pé num mercado extremamente pulverizado e que deve dobrar de tamanho nos próximos anos. 

A XP comprou o controle da Botoclinic, injetando R$ 100 milhões na empresa e dando liquidez parcial aos fundadores, o casal de gaúchos Rafael Estevez e Cristina Bohre, que continuam como acionistas minoritários e executivos. 

O investimento foi feito pelo FIP XP Private Equity, que tem R$ 1,3 bilhão e é gerido por Chu Kong, um veterano que fundou o TMG Capital nos anos 90 e passou mais de uma década na Actis. 

Fundada em janeiro do ano passado, a Botoclinic cresceu num ritmo impressionante: abriu uma loja a cada 3,7 dias em 2019 e chegou a mais de 100 clínicas em 19 Estados. 

A empresa faturou cerca de R$ 110 milhões no ano passado. 

A Botoclinic foi a primeira a tentar democratizar o botox, uma operação estética cara e tipicamente associada a um público feminino de alta renda. Para extrapolar este nicho, a startup instalou suas lojas dentro de shoppings e começou a parcelar a aplicação do botox no bom e velho ‘12 vezes sem juros’. 

Rafael, o fundador, diz que a rede também cobra um preço menor que os concorrentes já que tem um poder de barganha maior com os fornecedores. 

(Pausa didática: o que se convencionou chamar de ‘botox’ é, na verdade, a toxina botulínica, uma neurotoxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Botox, com B maiúsculo, é uma marca registrada da Allergan.)

Hoje, a Botoclinic opera no modelo de franquias e tem apenas uma loja própria: a flagship localizada no shopping Iguatemi de Porto Alegre.

Mas com o aporte da XP isso deve mudar. A rede quer triplicar de tamanho nos próximos quatro anos, abrindo principalmente lojas próprias.

O setor de estética facial movimenta R$ 4 bilhões por ano no Brasil, e a aplicação de botox é concentrada em dermatologistas, cirurgiões dentistas e biomédicos.

Mas o potencial de crescimento é colírio para os olhos do investidor.

“90% desse mercado ainda está no público feminino,” Chu disse ao Brazil Journal. “Mas os homens estão quebrando esse tabu e percebendo que não tem problema nenhum fazer botox… Quando essa penetração aumentar, o mercado vai explodir.”

Chu acha que só essa mudança de paradigma pode fazer o mercado dobrar de tamanho nos próximos anos.

Outro driver de crescimento: a redução na idade das pessoas que aplicam botox. 

De uns cinco anos para cá, os jovens começaram a despertar para os benefícios da operação — e hoje mais de 30% das pessoas que fazem botox tem entre 25 e 35 anos. 

“Esse aspecto preventivo, de começar a fazer o botox cedo para evitar rugas no futuro, está ganhando cada vez mais relevância. Tem estudos que mostram que pessoas que aplicam botox com menos de 30 anos chegam aos 60 com 50% menos rugas do que se não tivessem feito,” diz Cristina, a fundadora.

Ela própria é um exemplo vivo desse fenômeno: fez seu primeiro botox com 23 anos. 

ARQUIVO BJ

A estratégia da XP no mercado de oftalmologia