Confirmando o que muitos já sabiam, David Einhorn declarou que a indústria de gestão de recursos foi “completamente aniquilada” pelos ETFs e fundos quantitativos tocados por algoritmos, com implicações apocalípticas para o value investing.

“Valor não é mais algo levado em conta para a maioria do dinheiro investido,” disse o fundador da Greenlight Capital e um dos mais renomados gestores dos EUA. “Há todo esse dinheiro de computador e algoritmo que não tem uma opinião sobre valor, apenas sobre preço: ‘Qual será o preço daqui a 15 minutos e quero sair na frente’.”

boopo david einhornEinhorn fez os comentários no podcast Masters in Business, da Bloomberg.

Segundo ele, a migração do dinheiro para a gestão passiva causou um ciclo vicioso. Os investidores sacam recursos dos hedge funds, que então precisam vender suas posições para devolver o dinheiro aos clientes – e isso derruba ainda mais as value stocks, levando a uma nova onda de saques.

Na outra ponta, os papéis que já estão sobrevalorizados sobem ainda mais.

Com essa dinâmica instalada, os ativos “não retornam ao valor” esperado, diz o gestor. “É uma mudança na estrutura do mercado, e a melhor maneira de ver sua ação subir é ela estar sobrevalorizada.”

Em dezembro, segundo a Morningstar, o total de ativos em ETFs e fundos passivos atingiu US$ 13,29 trilhões, superando pela primeira vez os fundos de gestão ativa, com US$ 13,23 trilhões sob gestão.

O fundo de Einhorn teve um rendimento de 22,1% no ano passado, já livre das taxas. No mesmo período, o S&P 500 subiu 24,2%. O gestor teve um desempenho ruim no quatro trimestre, com uma queda de 4,3%, enquanto o S&P avançou 11% – puxado, basicamente, pela empinada das big tech.

Há dez anos, Einhorn tinha US$ 12 bilhões sob gestão. Hoje, seu AUM não passa de US$ 2 bilhões.