Jaime Gilinski aumentou sua oferta pelo Exito, a rede colombiana controlada pelo Grupo Pão de Açúcar.
Depois de oferecer US$ 834 milhões por 96% do capital, o bilionário colombiano agora fez uma oferta de US$ 586 milhões por 51% das ações, avaliando a rede em US$ 1,15 bilhão.
Na prática, a oferta significa um aumento de cerca de US$ 300 milhões no valuation, mas com Gilinski desembolsando um cheque consideravelmente menor.
O valor ainda continua abaixo do preço em que o Exito negocia hoje na Bolsa da Colômbia — e substancialmente abaixo do book value do investimento do GPA no Exito, de cerca de US$ 1,5 bilhão.
Nas últimas semanas, o valor de mercado do Exito tem oscilado entre US$ 1,25 bilhão e US$ 1,35 bilhão — ou 4.100 COPs e 4.200 COPs por ação.
A oferta vem depois do conselho do GPA ter rejeitado a primeira proposta de Gilinski há duas semanas.
De lá para cá, o bilionário tem se mexido: foi para Abu Dhabi buscar apoio de outros investidores e, na quinta passada, teve uma reunião com Jean Charles Naouri em Paris.
Segundo uma fonte a par do assunto, a reunião durou exatos 8 minutos, com Naouri dizendo em bom francês que “tudo é uma questão de preço”.
“A mensagem dele é que o GPA está comprometido em fazer o spinoff do Exito e que, para parar esse processo, ele teria que ter um motivo muito substancial, uma oferta muito competitiva,” disse essa fonte.
O aumento da oferta vem no mesmo dia em que o GPA recebeu a autorização da SEC para seguir adiante com o spinoff do Exito, o que significa que a conclusão do processo deve ocorrer dentro de poucos dias.
Esse calendário vai criar uma corrida contra o tempo de Gilinski — e outros interessados — para tentar fechar a compra antes do spinoff. Além de Gilinski, a rede chilena Cencosud já demonstrou interesse no Exito, assim como a peruana InRetail, que contratou o Citi para avaliar o ativo, e a Callejas, de El Salvador, segundo pessoas a par do processo.
Caso não consigam fechar negócio antes do spinoff, os potenciais compradores terão que negociar com uma base muito mais pulverizada de acionistas, o que tornaria a negociação mais complexa.
Depois do spinoff, o GPA vai ficar com 13% do Exito, e o Casino, com 34%. Em tese, Gilinski poderia comprar esses 47% combinados — mas há um empecilho.
A regulação colombiana determina que qualquer ofertante que compre mais de 25% de uma empresa listada é obrigado a fazer uma ‘tender offer’ para todos os acionistas.
“Com a oferta de hoje o Gilinski também teria que fazer a OPA, mas como o GPA tem 96% do capital ele conseguiria negociar com ele para comprar só 51%,” disse a fonte. “Pós-spinoff, ele não tem como assegurar isso.”