O impacto da inteligência artificial deverá superar “de longe” os efeitos dos smartphones e poderá ir além até da Revolução Industrial, dizem os analistas de renda variável do Bank of America. 

Num relatório divulgado hoje, o banco faz um resumo do alcance das inovações até o momento, os principais nomes envolvidos na corrida tecnológica e as implicações para o mercado acionário e a economia. 

Em apenas oito meses desde o lançamento do ChatGPT, a revolução da IA vive o seu “iPhone moment, mas com esteróides,” diz o banco.

“Por que essa revolução terá mais ramificações do que tudo que veio antes? Porque não se trata apenas de inteligência artificial, mas do amadurecimento de outras tecnologias que podem ser conectadas com ela,” escrevem os analistas.  

Para eles, as plataformas de IA serão usadas em conexão com os recursos de blockchain, robótica, impressão 3D e big data, abrindo a perspectiva de curvas exponenciais de inovação – ou “curvas S sobre curvas S”, uma referência ao gráfico que mostra a disseminação de novas tecnologias, com um avanço tímido nos primeiros anos e depois uma curva inclinada ascendente, até atingir o platô da massificação.

Os celulares precisaram de 12 anos para atingir 50 milhões de usuários. A internet chegou lá em 7 anos. O ChatGPT chegou aos 50 milhões em apenas um mês. 

“A próxima geração de IA vai compreender o mundo ao seu redor, permitindo melhores processos de decisão e acelerando a inovação em todas as indústrias,” diz o relatório. “Tarefas que demorariam anos serão feitas em semanas. O acesso a modelos de IA de baixo custo poderá acelerar o PIB e a produtividade em países emergentes.” 

Outro campo com possibilidades gigantescas será a união de IA com os computadores quânticos, algo que “poderá levar as coisas para níveis inimagináveis”. 

Para os analistas do banco, essas transformações contribuem para dar início também à revolução demográfica da geração A. “Enquanto a geração Z é hoje a mais disruptiva, por ter sido a primeira nascida no mundo online, as crianças de hoje terão modelos de IA que crescerão com elas.” 

Em um exemplo da rápida adoção da tecnologia, até junho do ano passado o site da OpenAi, a criadora do ChatGPT, havia recebido não mais do que 200 mil visitas. Agora esse número disparou para perto de 9 bilhões.

A inteligência artificial generativa produziu até agora 13 unicórnios.

O maior deles é a OpenAI, avaliada em US$ 19 bilhões. Na sequência, por ordem de valuation, estão a Anthropic (US$ 4,4 bi), a Cohere e a Hugging Face (US$ 2 bi cada) e a Lighttricks (US$ 1,8 bi).

Mas, como nota o BofA, o rápido avanço da tecnologia traz também ameaças, entre elas o risco dos deep fakes e da chamada “alucinação” – quando a máquina inventa coisas que aparentam ser plausíveis mas na verdade são totalmente imprecisas ou falsas.

Esses pontos estão no centro da atenção dos governos e dos reguladores.