A Helbor levantou R$ 560 milhões em seu follow-on, ganhando musculatura para um novo ciclo de crescimento e atraindo uma demanda substancial mesmo depois da ação ter subido  70% este ano. 

A empresa vendeu 211,3 milhões de novas ações a R$ 2,65, um desconto de apenas 2% em relação ao fechamento de ontem e de 3% sobre o preço imediatamente anterior ao anúncio da oferta. 

A demanda foi de quatro vezes o tamanho do book, e a ação sobe 6% na manhã desta sexta. 

Como parte de um esforço consciente para expandir a base de acionistas e aumentar a liquidez da ação, os controladores acompanharam apenas parcialmente a oferta. 

Com a diluição, os Borenstein caem de 58% para 50,1% do capital da companhia. 

Segundo uma fonte, a família teria pedido à Dynamo — acionista histórica da companhia — para não acompanhar a oferta, abrindo espaço para que a empresa pudesse atrair ordens relevantes de fundos long only como Apex, Kinea e BRAM, e até do ADIA, um fundo soberano que nunca havia participado do capital da empresa.

Antes da oferta, a Helbor negociava a 1,7 vez o seu valor patrimonial e, com agora, negocia a um múltiplo de 1,4x. Para efeito de comparação, Cyrela negocia a 1,9x e Even a 1,4x.

Apesar da demanda forte, a Helbor ainda desperta algum ceticismo. “A empresa dá prejuízo contábil e só recentemente voltou a gerar caixa”, diz um gestor. “E é uma das que ficou mais para trás no ciclo de recuperação.”

Com a redução de venda e distratos, a Helbor viu seu estoque e sua dívida dispararem nos últimos anos em meio à tempestade perfeita do setor imobiliário. 

Desde o começo do ano a companhia vem aumentando a velocidade de venda de estoque e ganhou fôlego, principalmente com a emissão de CRIs tendo como lastro contratos de alugueis comerciais com empresas como WeWork, Anima e Unimed.  

Ao final do segundo tri, a empresa tinha R$ 570 milhões em caixa e uma dívida líquida equivalente a 130% do patrimônio — ainda que este passivo tenha sido alongado substancialmente nos últimos anos e o grosso da dívida esteja no atrelada aos projetos, e não no nível da holding. Nos últimos dois anos, a Helbor levantou mais de R$ 1 bilhão com a emissão de CRIs, barateando significativamente seu custo de capital.

“Ainda assim, a Helbor ainda é uma das empresas mais alavancadas do setor”, diz outro gestor, notando que o estoque é muito concentrado na região metropolitana e fora da cidade de São Paulo, em praças que tem se mostrado difíceis. 

Bradesco BBI, BTG Pactual e Itaú BBA coordenaram a oferta.