O Credit Suisse hoje elevou a recomendação da Ambev de ‘neutra’ para compra’, oferecendo a narrativa que faltava para a ação da empresa sair de sua longa hibernação e finalmente se juntar ao rali que tomou conta da Bolsa.
 
O relatório tirou o papel da geladeira: a uma hora do fim do pregão, a ação sobe mais de 4%, entre as maiores altas do Ibovespa e seu melhor pregão em mais de um ano.


A Ambev passou os últimos dois anos entregando resultados abaixo do esperado.
 
Mas agora, a aposta do CS é que a trajetória do consumo de cerveja, que caiu 12% per capita desde 2012, deve se inverter a partir do próximo ano com o aumento da renda disponível, que deve voltar ao patamar de cinco anos atrás. 

Além disso, a equipe do banco acredita que a Ambev pode ganhar market share em cima de erros de execução da Heineken, a número 2 do mercado. A Heineken está integrando suas operações com a Brasil Kirin, adquirida no começo deste ano, e, ao mesmo, vai internalizar a distribuição, encerrando uma longa parceria com a Coca-Cola.

“Em caso de qualquer problema na distribuição da Heineken, acreditamos que a Ambev é a empresa mais bem posicionada para capturar a participação adicional. Pelas nossas conversas com a indústria, a número 3, a Petropólis, tem poucas condições de ganhar mercado porque está operando com baixa capacidade ociosa”, escreveu a equipe liderada por Antonio Gonzalez.

Numa conjunção de fatores positivos, o CS ainda vê espaço para ganho de margem. A inflação menor possibilita aumentos de preços – e, ao que tudo indica, tanto Petrópolis quanto Heineken também devem priorizar preço, minimizando os riscos de concorrência. 

Ao mesmo tempo, os custos com açúcar e grãos estão diminuindo, o que deve resultar num aumento de 3,6 pontos percentuais na margem bruta no próximo ano, nas contas do banco.

O mercado internacional também deve ajudar. “O momentum na Argentina parece bem melhor, com alta de 20% nos volumes no segundo trimestre. A introdução da marca Budweiser também deve ajudar no avanço no país.”

Se concretizado, o cenário traçado pelo CS é uma boa notícia para os investidores e para os executivos da Ambev – que devem fechar o segundo ano consecutivo sem bônus.

O banco estima um aumento de 10% na receita da Ambev em 2018, com alta de 18% no EBITDA e 25% no lucro. O preço-alvo foi revisado de R$ 20 para R$ 23,50.

“Depois do rali dos papéis de consumo discricionário neste ano, acreditamos que a Ambev é um dos poucos casos com bons ‘drivers’ micro e que está negociando com desconto em relação a média histórica”, escreveram os analistas.