O Grupo Pão de Açúcar recebeu uma proposta não solicitada para vender 100% de suas ações no Almacenes Exito, a rede colombiana de supermercados onde o GPA tem 96% do capital. 

Jaime Gilinski, um banqueiro e incorporador colombiano, está propondo pagar US$ 836 milhões, o equivalente a R$ 4 bilhões no câmbio de hoje, pela participação do GPA. 

A transação deve jogar luz sobre o valor descontado do GPA, que está em vias de cindir o Exito e distribuir sua participação aos seus acionistas.

Hoje o GPA — que é dono de 730 lojas e de uma das marcas mais conhecidas do varejo brasileiro — vale R$ 4,4 bi na B3, praticamente o mesmo valor da oferta.

Ainda assim, a proposta não parece exatamente suculenta.  O valor implica um múltiplo de menos de 4x EV/EBITDA, abaixo do que o GPA negocia hoje, em torno de 6x. O valor também é menor que market cap atual do Exito, que vale US$ 1,3 bi na Bolsa da Colômbia. 

Por outro lado, uma venda direta como esta seria mais rápida e segura do que o processo de spinoff em curso, que já se arrasta há mais de um ano nas três jurisdições em que o GPA é listado: Brasil, Colômbia e NYSE. 

O processo seria ainda mais rápido pelo fato do  comprador não ser um outro varejista, o que poderia enfrentar restrições regulatórias e de antitruste. 

O GPA disse que já enviou a proposta para seu conselho, que vai avaliar se recomenda a transação.

Caso a venda se concretize, o GPA passaria a uma posição de caixa líquido. A companhia fechou o primeiro trimestre com uma dívida líquida de R$ 3 bilhões e alavancagem de cerca de 2,7x. 

O Exito é dono de mais de 600 lojas – a vasta maioria na Colômbia – tem receita de R$ 25 bilhões, EBITDA de R$ 2,2 bilhões e margem operacional de 9% nos últimos 12 meses.