A participação total da GP na Centauro — que inclui os investidores em seus fundos de private equity — chega a 26,2% da varejista de esportes, enquanto a GP é dona, com seu capital próprio, de 6,8% da companhia.
No fechamento de ontem, a GP valia R$ 724 milhões na B3 — quase o mesmo valor de sua participação proprietária na Centauro a preços de mercado (cerca de R$ 680 milhões). A Centauro tem um valor de mercado de R$ 10,2 bilhões.
Isso significa que o mercado está precificando todas as outras participações da GP a quase zero. Para um gestor que tem posição na ação, a GP está negociando a um desconto de mais de 50% em relação à soma de suas partes.
“Depois do IPO, a GP chegou a negociar com prêmio de 20% e eles até fizeram um follow-on,” diz este gestor. “Mas depois, uma série de investimentos que deram errado — San Antonio, Imbra etc — reduziram a visibilidade do mercado quanto à capacidade deles de gerar valor e fizeram o papel negociar com desconto de 30%-40%. A própria Centauro foi por muito tempo um investimento opaco e ilíquido. Mas agora, a maior parte dos ativos no portfólio é líquida ou listada em bolsa, então a dúvida quanto à realização do preço desses ativos deveria ser bem menor.”
A GP é dona de 58% da Spice, uma companhia de investimentos em private equity listada na Bolsa da Suíça que tem participação em ativos como a The Craftory (um fundo de VC de US$ 375 milhões para investir em empresas de consumo) e a Leon Naturally Fast Food, uma rede de fast food de comida saudável. (A Spice também negocia a um desconto substancial em relação à soma das partes.)
A GP ainda é dona de 2% da BR Properties e 3% da Rimini Street, uma companhia faz manutenção de software Oracle e SAP, listada na Nasdaq e com valor de mercado de US$ 330 milhões.
No final do terceiro trimestre, a GP tinha cerca de US$ 109 milhões no caixa da controladora (isto é, sem considerar o caixa nas subsidiárias), o suficiente para pagar os cerca de US$ 102 milhões em bônus perpétuos.
Mas essa fotografia já deve ter mudado. Durante o quarto trimestre, ainda não reportado, a empresa vendeu sua participação na RHI Magnesita (levantando cerca de R$100 milhões) e recomprou US$ 40 milhões dos perpétuos.
O maior acionista do free float é a Fidelity, com 10,7% da empresa. Mas na sexta-feira, a Acacia Partners — uma gestora do Texas que até semana passada sequer aparecia na lista de investidores disponível na CVM — anunciou ter acumulado 13,8% dos papeis, o que está levando a mercado a especular que a Fidelity tenha zerado sua posição.