A Goldman Sachs Merchant Banking — braço de private equity do banco de investimentos — acaba de liderar uma rodada de R$ 120 milhões na iugu, no primeiro investimento do banco americano numa fintech brasileira e numa aposta no crescimento explosivo do setor. 

Fundada em 2012, a iugu é uma plataforma de automação bancária para empresas e opera três linhas de negócio: um serviço de contas digitais corporativas, que automatiza todo o processo de recebimento da companhia eliminando a necessidade de um banco; uma solução ‘white label’ que permite a empresas como a Conta Azul e Doghero oferecer wallets e serviços financeiros a sua base de clientes; e uma solução de pagamentos recorrentes. 

Na última vertical, a iugu opera como subadquirente atendendo empresas de SaaS como a Contabilizei e a Passei Direto. 

“Com a iugu, uma empresa consegue, por exemplo, cadastrar 300 clientes e fazer o faturamento e o processo de cobrança deles, tudo de forma automatizada,” Patrick Negri, o fundador da iugu, disse ao Brazil Journal. 


Desde que foi fundada, a iugu tem dobrado de tamanho todos os anos. Em 2019, teve uma receita de R$ 40 mi; este ano, espera faturar R$ 70 mi. Hoje a startup atende 5 mil clientes diretos, com um total de mais de 60 mil contas abertas. 

A rodada ‘Série A’ dará fôlego para o desenvolvimento de novos produtos — a iugu planeja lançar, por exemplo, um cartão de crédito corporativo —, bem como para fortalecer sua estrutura de capital e acelerar a captação de novos clientes.

Esta é a terceira captação da iugu, que já levantou outros R$ 12 milhões com fundos como o Indicator Capital, fundado por um ex-gestor do Itaú e um ex-banqueiro do JP Morgan, e Smartmoney Ventures, de Fábio Póvoa, cofundador da Movile/iFood. Ambos acompanharam a nova rodada.

O investimento da Goldman vem num momento que é um divisor de águas para a fintech. 

Há quatro anos, a iugu pleiteou ao BC o registro para operar como conta de pagamento, o que lhe permitirá oferecer diretamente a seus clientes tudo que uma conta corrente tem (com exceção de câmbio e crédito). A autorização saiu na semana passada. 

Patrick diz que hoje a iugu é muito forte na parte de recebimentos, automatizando para seus clientes o recebimento por boleto, cartão de crédito e, em breve, pelo PIX. 

Na parte de pagamentos, no entanto, ela tinha poucas opções: permitia pagar algumas contas e tributos e fazer TED para a mesma titularidade. 

Com a autorização do BC, ela vai poder oferecer também o TED para terceiros, o cartão de crédito corporativo e os serviços de automação do pagamento da folha e de fornecedores — aprofundando sua relação com os clientes e praticamente substituindo os bancões na vida dessas empresas. 

Desde que voltou a operar no Brasil em 2015, este é o terceiro investimento da Goldman Sachs Merchant Banking no País, além da Cell Site Solutions (a companhia de torres de celular vendida em dezembro para a IHS) e a Oncoclínicas.