A Acesso Digital — que faz a autenticação com biometria facial para clientes como Magalu e PicPay — acaba de levantar R$ 580 milhões com o Softbank e a General Atlantic numa rodada Série B que dá poder de fogo à empresa para crescer com M&As.
Esta é a segunda captação da Acesso Digital desde que foi fundada há treze anos, e vem num momento em que a digitalização forçada pela pandemia acelerou brutalmente o negócio. Em janeiro, ela levantou R$ 40 milhões com a Igah — resultado da fusão da e.Bricks Ventures com a Joá Investimentos.
O investimento marca a primeira vez que o Softbank e a GA investem juntos numa mesma rodada. O valuation não foi revelado, mas os dois fundos terão juntos uma participação minoritária na empresa, com os fundadores Diego Martins e Paulo de Alencastro mantendo o controle.
Com uma solução de biometria facial, a Acesso Digital permite um onboarding seguro de novos clientes nos principais bancos, fintechs, varejistas e sites de ecommerce do País — um processo cada vez mais essencial num mundo em que as fraudes virtuais se exponencializam.
Hoje, a base de dados da startup consegue identificar mais de 60% da população brasileira economicamente ativa, o que faz dela o banco de dados proprietário mais robusto do País.
A Acesso Digital tem dois produtos principais: o AcessoBio, a solução de biometria facial que responde por mais da metade do faturamento da empresa; e o AcessoRH, que permite que uma empresa faça a contratação de um novo funcionário de forma 100% digital.
Martins disse ao Brazil Journal que a empresa tem geração positiva de caixa desde que foi fundada e vai usar a capitalização para adquirir três tipos de empresas: startups que estejam usando a biometria facial em aplicabilidades ainda pouco comuns e empresas com soluções inovadoras na relação empresa-funcionário e que possam fortalecer a vertical AcessoRH.
A Acesso Digital também pretende fazer ‘acquihires’ (aquisições que visam trazer talentos para dentro da companhia).
“A biometria facial está se expandindo brutalmente e tem empresas aplicando a tecnologia em lugares bem diferentes: tem uma startup que já automatizou o check-in no aeroporto usando a biometria facial e outra que está tentando criar um hotel totalmente automatizado,” diz Martins.
A Acesso Digital atua num mercado diretamente beneficiado pelo isolamento social, que obrigou milhões de brasileiros a se digitalizarem da noite para o dia. No último trimestre, o uso da biometria facial no e-commerce aumentou 103%.
Em agosto, a Acesso Digital teve um annual recurring revenue (ARR) de R$ 120 milhões e espera fechar o ano com um ARR de R$ 150 mi. Em dezembro passado, o ARR era de R$ 70 mi.
Hoje, a startup tem 400 clientes, a maioria grandes empresas como Magalu, Casas Pernambucanas e PicPay. O modelo de monetização é semelhante ao de um birô de crédito: as empresas pagam um valor por cada consulta feita à base de dados da Acesso Digital.
A rodada vem um mês depois da Acesso Digital comprar a Meerkat, uma empresa gaúcha, ganhando acesso à tecnologia proprietária por trás do motor biométrico, o coração da tecnologia.
A Acesso entrou no mercado de identidade digital em 2016 depois de uma visita dos fundadores à Estônia, cujos cidadãos há mais de 20 anos votam, pagam impostos e guardam seu histórico de saúde online.
“Queremos ser a infraestrutura da sociedade digital brasileira,” diz Martins. “E quando visitamos a Estônia percebemos que tudo começa com o ID… só quando você consegue identificar o cidadão de forma segura você pode se tornar uma sociedade verdadeiramente digital.”