A FSB Comunicação, a maior empresa de relações públicas do Brasil, está trazendo a Loures para debaixo de sua holding três anos depois que a agência foi fundada pelo ex-chefe de comunicação da Ambev.
A informação, que circula como boato no mercado há dias, foi confirmada ao Brazil Journal por pessoas envolvidas nos dois lados do negócio.
A transação foi feita com uma troca de ações e não envolveu dinheiro. A FSB manterá a Loures com sua marca, carteira de clientes e staff separados; além do tipo de trabalho e as entregas serem diferentes, as agências atendem clientes concorrentes. As sinergias se darão apenas nas áreas de retaguarda.
A Loures, uma agência de médio porte cujo primeiro cliente foi o grupo Cosan, representa mais de 20 contas, incluindo a Península, o family office do empresário Abilio Diniz; Kraft Heinz, Burger King, Mondelez e Pearson, além de startups como o Dr. Consulta, entre outros. O fundador, Alexandre Loures, foi o chefe da comunicação da Ambev por 14 anos.
A transação acontece num momento em que muitos clientes cortam orçamentos de PR graças ao limbo do PIB, e num mercado de comunicação cada vez mais controlado por grandes grupos estrangeiros como a WPP — dona da Burson Cohn & Wolfe — e a Omnicom, dona da CDN e sócia do Grupo In Press.
O negócio une duas agências independentes que operam de forma similar: uma estratégia de PR que foca mais no negócio do cliente do que nas demandas da imprensa; um atendimento que coloca os sócios em contato direto com os CEOs, em vez de uma terceirização distante; e um foco cada vez maior em ferramentas digitais e de design.
No início do ano, a FSB separou suas carteiras de clientes públicos e privados em duas empresas. Melchiades Filho, o veterano jornalista da Folha de São Paulo que se juntou à FSB há cinco anos, passou a comandar a carteira de clientes privados. ‘Melchi’ desenvolveu um plano estratégico que incluía a atração de outras agências para crescer no mercado de clientes privados de São Paulo. Em abril, abordou Alexandre Loures sobre a possibilidade de uma aliança. Os dois haviam trabalhado juntos na Folha e se relacionaram profissionalmente ao longo dos anos. Quando Loures estava na Ambev, a companhia era cliente da FSB.
O acordo foi feito com rapidez para este tipo de negócio. O controlador da FSB, Francisco Soares “Chiquinho” Brandão, foi apresentado a Alexandre em maio. “Demorei dois minutos pra decidir,” Brandão disse a outros sócios da FSB. A trajetória de empreendedorismo de ambos ajudou na química. Dono de uma das redes de relacionamento mais poderosas do País, Brandão fundou a FSB há 38 anos sem nunca ter trabalhado como jornalista. Até agora, a empresa sempre crescera organicamente.
As negociações foram conduzidas por Diego Ruiz, novo sócio da FSB, com passagens pela JBS e EBX.
Apesar das vacas magras no mercado, a associação entre as duas agências acontece num ano em que a FSB espera aumentar seu faturamento de R$ 215 milhões em 2017 para algo em torno de R$ 240 milhões, o dobro da segunda colocada no ranking. (Em 2017, a FSB sofreu com clientes do setor público.) A Loures projeta faturar R$ 21 milhões este ano.
A FSB atende mais de 150 clientes, incluindo BTG Pactual, McKinsey, Grupo Pão de Açúcar, JBS, Lojas Renner e Elopar, a holding do Bradesco e Banco do Brasil que controla empresas como Livelo e Alelo.
A associação acontece num momento em que o business de PR passa por mudanças de paradigma: a chamada ‘grande imprensa’, antes o canal de comunicação obrigatório, hoje tem que competir com as redes sociais e uma miríade de veículos menores e especializados. Além disso, a demanda pelo controle da mensagem tem levado muitos clientes a gerar seu próprio conteúdo, empurrando o mundo do PR para a fronteira do jornalismo.
“A comunicação hoje não é a mídia em que você está, nem a rede social que você ocupa,” diz um profissional do ramo. “É o teu objetivo de negócios e você identificar quais públicos podem te ajudar ou atrapalhar e a partir daí otimizar suas chances de sucesso.”
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