A Fazenda Futuro acaba de lançar um frango à base de plantas, entrando na proteína mais consumida do mundo e adicionando um quinto item a seu portfólio de produtos veganos.
O lançamento vem às vésperas da entrada da startup nos Estados Unidos — uma expansão que será financiada pelos R$ 115 milhões que a foodtech levantou no mês passado numa rodada liderada por fundos do BTG.
O produto começa a ser vendido amanhã no Pão de Açúcar e estará disponível nos demais supermercados nas próximas semanas.
No desenvolvimento do Futuro Frango, o grande desafio foi conseguir imitar as fibras do frango, que são mais longas que as da carne bovina e desfiam com facilidade, o cofundador Marcos Leta disse ao Brazil Journal.
Para isso, a Fazenda usou um blend de soja e ervilha não transgênicas, que depois foi exposto a processos industriais que converteram esse mix em fibras. Os engenheiros em seguida adicionaram extratos naturais para refinar sabor, cor e textura.
Leta disse que o produto conseguiu ter fibras que desfiam como no frango real e imitam os músculos da ave. Quando colocado para fritar, ele fica rosado por dentro igual o frango tradicional, disse o fundador.
O lançamento coloca a Fazenda no maior mercado de proteínas do mundo — no Brasil, por exemplo, o consumo per capita de frango é de mais de 40 kg por ano, frente a 31 kg da carne bovina — e num segmento ainda relativamente virgem em termos de substitutos vegetais.
No Brasil, empresas como a JBS já lançaram substitutos para o nuggets, mas a Fazenda é a primeira a substituir o frango cru, que pode ser usado em receitas, das coxinhas ao fricassê.
O Futuro Frango é o quinto produto do portfólio da Fazenda, depois do hambúrguer, carne moída, linguiça, e almôndegas.
A companhia foi fundada em meados do ano passado por Leta e Alfredo Strechinsky, os mesmos empreendedores que criaram e venderam a marca de sucos Do Bem para a Ambev há quatro anos.
Na rodada do mês passado, a Fazenda foi avaliada em R$ 775 milhões, quase o dobro de sua primeira captação no final de 2019.
Agora, a Fazenda está se preparando para abrir sua operação nos Estados Unidos, um mercado bem mais competitivo e onde empresas como Beyond Meat e Impossible Foods reinam absolutas.
O plano de Leta para ganhar mercado: jogar o preço para baixo.
Enquanto os hambúrgueres da Impossible e da Beyond custam entre US$ 6 e US$ 9 (quase o dobro do preço de uma carne premium), a Fazenda vai precificar seu Futuro Burger em US$ 4,30.
Questionado se o preço seria sustentável e rentável para a empresa, Leta disse que o fato do Brasil ser um grande produtor de vegetais e do câmbio estar desvalorizado torna mais competitivo produzir aqui.
Segundo ele, a Fazenda tem uma margem bruta de 45%, bem acima da Beyond Meats, que opera com uma margem em torno de 30%.
“Se quisermos, ainda temos margem pra queimar.”
No cardápio da Fazenda para os próximos meses: um peixe à base de plantas.