Além de todos os problemas já enfrentados pela cadeia de fornecedores da Petrobras, mais uma nuvem sombria se avizinha: o dissídio salarial dos trabalhadores da indústria naval, com data-base em maio.

Desde o primeiro governo Lula, todo ano a categoria tem obtido aumentos reais bem acima da inflação.

Este ano, com a inflação rodando a 6%, os sindicatos já indicaram que vão pedir 10% de reajuste.

Dessa vez, no entanto, a corda parece esticada demais. A Petrobrás não paga alguns grandes fornecedores desde novembro, e estes, por sua vez, estão segurando pagamentos a fornecedores menores, vários dos quais estão pedindo falência.

O dissídio afeta trabalhadores nos principais estaleiros em Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Com a Petrobras no limite, resta ver quem vai pagar (qual) conta.

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A título de exemplo, o gráfico acima mostra os reajustes salariais sempre acima da inflação obtidos pelo SITICCAN – Sindicato dos Trabalhadores na Industria da Construção Civil, Montagem e Manutenção Industrial de Candeias, Simões Filho, São Sebastião do Passé, São Francisco do Conde e Madre de Deus – desde 2005.

Trata-se de um sindicato bem inserido na cadeia petroleira, incluindo trabalhadores do Pólo Petroquímico de Camaçari, da Refinaria Landulpho Alves e da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) da Petrobras.

Filiado à CUT, o SITICCAN é formador de opinião no meio sindical.

“Não há cliente que aceite um repasse integral destes dissídios… Você não consegue colocar no preço um aumento de custo que reflita esses dissídios…,” diz um fornecedor da Petrobras.