A Ferrero, dona da Nutella e Kinder, anunciou ontem a compra da WK Kellogg — a produtora americana dos cereais Sucrilhos e Froot Loops — por US$ 3,1 bilhões, e vai fechar o capital da empresa.
O valor acordado, de US$ 23 por ação, representava um prêmio de 30% em relação ao preço de tela da WK Kellogg na quarta-feira, a US$ 17,50. Após o anúncio, no entanto, o papel fechou o gap e encerrou o pregão de quinta em US$ 22,86.
Vale lembrar que a vertical de snacks da Kellogg’s, batizada de Kellanova, foi desmembrada em 2023 e vendida no ano passado para a Mars por US$ 36 bilhões.
O que a Ferrero assumirá é o centenário portfólio de cereais matinais nos Estados Unidos, Canadá e Caribe.
Esta é a quarta aquisição do conglomerado italiano nos EUA desde 2018, em uma busca assumida do seu chairman Giovanni Ferrero pelo paladar açucarado do consumidor local. Nos últimos anos, incorporou marcas como a Butterfinger (chocolates), Famous Amos (cookies), NERDS (balas) e Blue Bunny (sorvetes).
Em 2024, a empresa reportou 18,4 bilhões de euros em receitas.
Agora, com sucrilhos e companhia, a Ferrero continua sua diversificação para além dos chocolates e mira a mesa de café da manhã do americano.
“Os cereais estão se tornando uma indulgência para adultos, e as oportunidades para novas combinações de sabores com base nas marcas Ferrero são inúmeras,” Mitchell Olsen, um professor de marketing na Universidade de Notre Dame, disse à Bloomberg.
Do lado da WK Kellogg, a transação surge como uma boia de salvação após o desmembramento da empresa impactar a lucratividade.
A dona do Froot Loops revisou seu guidance para baixo em maio e afirmou que as suas vendas poderiam recuar até 3% este ano, conforme consumidores migravam para opções mais baratas e saudáveis.
Uma prévia do balanço do segundo tri divulgada juntamente com a transação confirma as suspeitas do management.
As vendas líquidas da empresa rondaram os US$ 615 milhões na janela, uma queda de 8% ano contra ano. Em termos de EBITDA ajustado, a queda deve ser de 38%, para US$ 48 milhões.
O acordo foi aprovado por unanimidade pelo conselho da WK Kellogg e deve ser concluído ainda em 2025.
A W.K. Kellogg Foundation Trust e a Família Gund, donas de 21,7% das ações ordinárias da empresa, concordaram em vender sua participação.
A Lazard, BofA Securities e Davis Polk & Wardwell atuaram como assessores da Ferrero. A Goldman Sachs, Morgan Stanley e Kirkland & Ellis assessoraram a WK Kellogg.