A FEMSA — dona da maior engarrafadora de Coca-Cola no mundo e da rede de varejo Oxxo — lançou hoje uma oferta para vender 6% do capital da Heineken, o equivalente a US$ 3,6 bilhões ao preço de tela.
A FEMSA já havia anunciado em fevereiro que começaria a desembarcar da Heineken, onde tinha 15% do capital. Na época, a mexicana renunciou a seus assentos no board da cervejaria.
A FEMSA tem dito ao mercado que pretende desinvestir de todos os seus ativos não-core num prazo de dois a três anos, o que inclui a participação na Heineken e na Envoy Solutions, uma distribuidora de produtos e materiais de limpeza.
Com as vendas, a gigante mexicana quer simplificar sua operação, focando apenas em seus dois principais negócios: a Coca-Cola Femsa e a rede de proximidade Oxxo, que já tem 23.500 lojas na América Latina, a grande maioria no México. (No Brasil, são 325 numa JV com a Raízen).
A precificação do follow-on será amanhã, e parte da oferta já está garantida: a Heineken disse que pretende comprar 10% do total colocado à venda como parte de seu programa de buyback. A família controladora, que tem pouco mais de 50% do capital da Heineken, também se comprometeu a comprar US$ 50 milhões.
A venda deve ajudar a FEMSA a desalavancar seu balanço — reduzindo a alavancagem de 2,6x EBITDA para 2x — e bancar seu plano agressivo de expansão.
Numa call recente com analistas, o CEO Daniel Rodriguez disse que pretende continuar abrindo de 800 a 1.000 lojas da Oxxo por ano no México e que quer acelerar a expansão na América do Sul. A empresa também tem estudado levar a rede para os Estados Unidos.
Após todos os desinvestimentos, a FEMSA projeta que a Coca-Cola FEMSA vai responder por 34% do lucro operacional da companhia, enquanto a Oxxo responderá pelos outros dois terços.
A venda do stake na Heineken é significativa para o tamanho da FEMSA. Caso venda toda sua participação, a FEMSA levantaria cerca de US$ 8 bilhões, o equivalente a um quarto do valor de mercado da companhia, de US$ 31 bi.
O Barclays é o assessor financeiro da FEMSA na operação. Os coordenadores da oferta são Bank of America, Goldman Sachs, JP Morgan e Morgan Stanley.