O Starbucks escolheu a Zamp – a master franqueada do Burger King e do Popeyes no Brasil – para operar sua marca no País, fontes a par do assunto disseram ao Brazil Journal.

A empresa americana já informou a Zamp sobre a escolha e autorizou a companhia a começar a negociar o espólio da SouthRock. 

Segundo uma fonte, a Zamp tem a opção – mas não a obrigação – de comprar as 140 lojas que a SouthRock ainda tem em operação.

Uma negociação neste sentido precisaria ser fechada até o final deste mês, já que depois deste prazo a SouthRock perderá o direito de usar a marca Starbucks. O prazo inicial dado pela matriz era o final de fevereiro, mas a Starbucks prorrogou até abril para ter tempo de achar um novo operador e manter as lojas abertas. 

“Para a Zamp, o melhor seria adquirir o espólio da SouthRock, mas precisa fazer sentido economicamente e o processo precisaria ser rápido, porque tem 40 lojas com processo de despejo,” disse uma fonte. 

Nos últimos meses, a SouthRock fechou 50 das 190 lojas do Starbucks no Brasil. As que continuam abertas estão sofrendo com falta de produtos, e a SouthRock não tem conseguido pagar sequer os royalties e o café, que é vendido exclusivamente pela matriz. (A Starbucks tem enviado café de graça para manter as lojas rodando).

As fontes disseram que, depois da experiência com a SouthRock, um operador com perfil de private equity, a Starbucks estava buscando um parceiro com o know how de operar restaurantes e que tivesse uma governança forte dois atributos que a Zamp entrega. 

Para a Zamp, o contrato adiciona a seu portfólio uma marca global com forte potencial de expansão – e com receita relevante.

No ano passado, a SouthRock faturou cerca de R$ 500 milhões com as 190 lojas do Starbucks que tinha na época. Segundo uma fonte, as lojas que foram fechadas eram as que davam prejuízo, e as que sobraram têm rentabilidade “boa”.

Pela falta de produtos, as lojas que sobraram estão rodando este ano com um faturamento 30% menor que o do ano passado. 

O contrato da Zamp com o Starbucks será no modelo de operador único, em que o parceiro local não pode franquear as lojas; ele opera todas e paga royalties à matriz. Como é comum neste tipo de contrato, o operador se compromete em abrir um número X de lojas num determinado período de tempo, fazendo todo o capex necessário para isso. 

Uma fonte disse que a Zamp enxerga uma oportunidade grande de expandir a marca para outras regiões do Brasil – hoje, a grande maioria está no Sudeste, especialmente São Paulo – e em abrir lojas de rua.

“No Brasil, a marca mal começou sua trajetória de ir para a rua, onde existe uma oportunidade clara de desenvolver a ocasião de consumo do café da manhã,” disse essa fonte. “No mundo, as lojas de rua são predominantes, porque é onde faz mais sentido para a proposta da marca.”

No México, por exemplo, onde o Starbucks é operado pela Alsea, das 820 lojas da marca apenas 80 estão em shoppings. 

A transação com o Starbucks vem alguns meses depois do Mubadala Capital – ligado ao fundo soberano de Abu Dhabi – assumir o controle da Zamp com uma visão de transformar a empresa numa ‘house of brands’ do fast food