A PetroRio está comprando participação em dois campos de petróleo da BP, numa transação que uma fonte da empresa descreveu como “a melhor taxa interna de retorno da história da companhia.”

Um anúncio é iminente. 

Na transação, que marca a entrada da PetroRio no pré-sal, a empresa vai pagar US$ 100 milhões pelos 35,7% que a BP detém no campo de Wahoo, que tem recursos estimados em 150 milhões de barris.

O campo de Wahoo — ainda pré-operacional — foi descoberto pela Anadarko em 2008 e repassado à BP anos depois. 

O pulo do gato: como Wahoo fica a apenas 35 km do campo de Frade, onde a PetroRio já tem um FPSO (o navio que recebe e armazena o óleo), a empresa fará os dois campos compartilhar a mesma infraestrutura — um ‘tieback,’ no jargão da indústria — o que vai reduzir dramaticamente o lifting cost do campo e exponencializar seu retorno. 

A francesa Total e a indiana IBV detêm os outros 64,3% do campo. Se as três sócias racharem os custos do desenvolvimento do campo, a transação aumentará as reservas e produção da PetroRio em 30%. 

Mas se as parceiras não demonstrarem interesse e a PetroRio desenvolver o campo sozinha, ela ficará com 100% do capex e 100% da produção — adicionando 40-45 mil barris/dia a uma empresa que hoje produz 27 mil barris/dia.

O desenvolvimento deve levar três anos e consumir US$ 800 milhões. 

Nas contas da PetroRio, seu investimento total no projeto (os US$ 100 milhões da compra e sua fatia pro rata nos custos de desenvolvimento) chegará a US$ 385 milhões, o equivalente a menos de US$ 7 por barril. 

Como a empresa estima um lifting cost de US$ 2, o custo total será de US$ 9 o barril. Uma vantagem adicional: a empresa estima que o óleo de Wahoo poderá ser vendido a níveis similares ao Brent (hoje em US$ 44), já que tem um API de 30°. O óleo de Wahoo é mais leve que o do campo de Frade (21°), que tipicamente é vendido com desconto de US$ 1,50-2,0 em relação ao benchmark.  


Para efeito de comparação, o lifting cost da PetroRio hoje é de US$ 13. 

A transação com a BP inclui ainda o campo de Itaipu — próximo ao campo de Parque das Baleias, operado pela Petrobras — que entrou na transação como uma opcionalidade.

Pelos termos do acordo, se a PetroRio conseguir negociar com a Petrobras a unitização de Itaipu — o que envolveria receber pelo óleo do campo já produzido pelo Parque das Baleias — a PetroRio terá que pagar US$ 40 milhões à BP a título de earnout.

A PetroRio deve financiar o capex de Wahoo com um project finance, mas também avalia fazer um aumento de capital.