A Farmácias Nissei — líder de mercado no Paraná — mandatou o Banco Safra (líder), Merrill Lynch, Itaú e BTG Pactual para um IPO de R$ 1 bilhão, fontes próximas à transação disseram ao Brazil Journal.

A operação deve entrar na CVM em meados de setembro e ser precificada até o final do ano.

 
A oferta, majoritariamente primária, vai levantar recursos para financiar crescimento orgânico e pagar uma dívida com o Farallon Capital, que financiou a companhia com um mezanino de R$ 150 milhões em outubro de 2017. 
 
A Nissei é a 10ª rede de drogarias do país em faturamento e a 8ª em número de lojas, segundo o ranking da Abrafarma.
 
A companhia — um dos raros players regionais sem incentivos fiscais — teve faturamento líquido de R$ 1,5 bilhão e EBITDA de R$ 120 milhões em 2019, com uma dívida líquida de R$ 340 milhões.
 
A rede tem 53% de share em Curitiba e presença no interior do Paraná, Santa Catarina e São Paulo.  Há cerca de cinco anos, a Nissei enfrentou um ataque ao seu território por parte da Raia Drogasil e da Drogaria São Paulo.  A companhia conseguiu repelir a concorrência, mas pagou um preço alto: o endividamento de curto prazo subiu, e a empresa foi forçada a vender um centro de distribuição considerado ‘state of of the art.’
 
O financiamento com o Farallon não foi dinheiro novo: apenas consolidou a dívida curta e alongou o perfil.  Depois de fechar 2017 — o ano em que tomou o financiamento — com 250 lojas, a Nissei abriu cerca de 25 lojas por ano e terminou o ano passado com 305. 
 

A Nissei é a obra da vida de Sergio Maeoka, que saiu de Santa Isabel do Ivaí, no noroeste do Paraná, para tentar a sorte em Curitiba. 

Segundo o livro “The Mind of the Tops – Paraná”, publicado pelo Instituto AMANHÃ, Maeoka começou a trabalhar aos 14 anos como entregador da Farmácia Coração de Jesus, no centro de Apucarana, norte do Paraná. 

 
Quando fez 18 anos, foi transferido para Curitiba e passou a participar dos lucros da empresa. Tudo ia bem, mas sete anos depois, a farmácia faliu.

Na partilha do que sobrou, Maeoka ficou com o ponto comercial — mas não tinha dinheiro para montar um novo negócio.

 
Vendeu o ponto e o Chevette usado e montou uma farmácia de 40 metros quadrados no bairro das Mercês, perto do centro.  Gravou na fachada: Nissei. 
Segundo o livro, Maeoka certa vez falou da dureza daquele começo, “Eu quase quebrei umas dez vezes, cansei de esperar no balcão da farmácia até as 15h50, torcendo que entrasse algum dinheiro no caixa, para pagar alguma promissória que estava vencendo naquele dia.”
 
Para sustentar a farmácia, abriu um negócio alternativo, tocado por familiares. Durante cinco anos, os Maeoka mantiveram a pastelaria Oishi (“saboroso”, em japonês) perto da Rua 24 Horas em Curitiba.
 
O resto é história, e o próximo capítulo se dará na B3. 
 
O IPO transformará a Nissei na quinta drogaria listada do País, assumindo ofertas bem sucedidas de Pague Menos e D1000.
 
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