A Eurofarma contratou Edmar Prado Lopes Neto como seu novo CFO, trazendo um executivo com experiência na Gol, Movida e Gafisa num momento em que a gigante da indústria farmacêutica trabalha para reduzir sua alavancagem.
Edmar trabalhou o último ano como CFO da Gafisa, depois de passar sete anos no mesmo cargo na Movida. Antes, foram seis anos de Gol, a maior parte como CFO.
Apesar de sua falta de experiência na indústria farmacêutica, Edmar disse ver semelhanças entre seus trabalhos anteriores e a nova posição.
“Todas as empresas onde trabalhei eram empresas de dono, com um controlador com uma visão de longo prazo,” ele disse ao Brazil Journal. “Além disso, todas estavam passando por algum momento de transformação.”
Na Movida, a transformação era acelerar o crescimento; na Gafisa, migrar para o alto padrão. “Aqui, o mandato é dar continuidade ao trabalho que vem sendo feito. A empresa tem um plano estratégico ambicioso em plena execução e isso não muda,” disse ele.
Edmar substituiu Alexandre Palhares, que estava há quatro anos na empresa e foi para a Ultrapar.
A mudança vem em meio a outras contratações importantes na Eurofarma. Recentemente, a farmacêutica nomeou Renata Campos — uma executiva da Takeda — como CEO Brasil, e Luis Boechat, um ex-Novartis e Janssen, como diretor executivo de assuntos médicos e regulatórios.
O novo CFO terá o desafio de reduzir a alavancagem da Eurofarma, que fechou o primeiro tri em 3,7x EBITDA por conta de M&As e de um capex elevado para P&D e a construção de uma nova fábrica em Montes Claros.
“Nosso objetivo é reduzir a alavancagem para 3x até o final deste ano,” disse Edmar. “Já há um plano de desalavancagem em curso, e parte dela virá do crescimento do EBITDA, com o ramp-up dos lançamentos de produtos que fizemos nos últimos anos.”
No ano passado, a Eurofarma fez o maior M&A de sua história, comprando as operações da Sanofi na Colômbia, Peru e Equador por cerca de US$ 300 milhões. A companhia também colocou mais de R$ 600 milhões em P&D no período e fez altos investimentos na fábrica de Montes Claros, que vai demandar R$ 2 bilhões no total.
A primeira linha da fábrica deve entrar em operação em 2025.
Do ponto de vista de liability management, Edmar disse que não há nada a se fazer no curto prazo. No primeiro tri, a Eurofarma já fez uma emissão de R$ 3 bilhões para pré-pagar dívidas mais caras e alongar prazos.
A Eurofarma fechou o ano passado com receita líquida de R$ 9 bilhões, e tem crescido a uma taxa média anual composta de 17% nos últimos 15 anos.
O objetivo é continuar crescendo neste ritmo, seja organicamente ou com novos M&As de produtos ou a compra de empresas inteiras, disse Edmar.