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Numa palestra no Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP) na semana passada, o economista Adriano Pires, uma das maiores autoridades sobre Petrobras do País, fez um alerta que deixou consternada a audiência de economistas.

Segundo Pires, a produção na Bacia de Campos — responsável por 65% da produção de petróleo brasileira — decai a taxas vigorosas. 
 
Dependendo do período usado para comparação, a queda é de 17% (primeiro trimestre de 2016 contra primeiro trimestre de 2015) ou de 11% (primeiro semestre de 2016 contra primeiro semestre de 2015).

“Se continuarmos neste ritmo, a produção de Campos se esgotará num período entre 6 e 7 anos,” Pires disse aos economistas.   
 
A Petrobras responde por cerca de 90% da produção de Campos e, como se sabe, seu endividamento (o maior entre todas as companhias do mundo) limita sua capacidade de investimento.
 
Com Campos operando a meia-bomba, a atual meta de produção da Petrobras — de chegar em 2020 produzindo 2,7 milhões de barris/dia — provavelmente não será alcançada.
 
“Como Campos é a maior parte da produção, mesmo se a Petrobras conseguir aumentar a sua produção do pré-sal, isso não irá compensar a queda,” disse o economista, que já foi superintendente da Agência Nacional do Petróleo e atua no setor há mais de 20 anos.
 
Para Pires, o mais provável hoje é que a Petrobras termine 2020 produzindo 2,2 milhões de barris (10% a mais do que produziu em 2015).
 
Mas há, ainda, um cenário em que a produção da Petrobras chegará a 2020 menor do que a atual.
 
Hoje, pelo plano de negócios 2015-2019, a Petrobras planeja investir US$ 20 bilhões por ano, 80% disto no pré-sal.  
 
Mas alguns bancos de investimento já projetam que, para fechar as contas, o CEO Pedro Parente terá que reduzir mais o investimento no próximo plano de negócios. 
 
Nos últimos 18 meses, a Petrobras já cortou três vezes seu capex de cinco anos: anunciou um corte de 40% em janeiro de 2015; outro de 20% em outubro 2015 (este, apenas referente ao capex de 2015-2016), e, finalmente, em janeiro de 2016, cortou mais 24%. 
 
Há bancos que projetam uma redução de US$20 bilhões para US$15 bi.  Se isto ocorrer, o cenário mais provável é que, em 2020, o petróleo ainda seja nosso, mas haverá menos dele.
 
Qual a solução?  Pires propõe que a Petrobras contrate empresas especializadas em recuperação de campos maduras que ficam com um pedaço da produção que conseguirem recuperar.  Esse tipo de arranjo — um contrato de serviço com uma cláusula de ‘performance agreement’ — é comum na indústria.  A petroleira do Equador (estatal como a Petrobras) contratou a Halliburton e a Schlumberger em 2014, e, este ano, a YPF argentina está adotando a mesma estratégia.
 
Há alguns anos, a Petrobras já tentou dar um reboot na produção em Campos. Em março de 2014, a gestão Graça Foster anunciou os resultados do Programa de Eficiência Operacional da Bacia de Campos (PROEF), iniciado em maio de 2012.  Mas o programa levou a uma retomada da produção apenas temporária: durou de meados de 2014 até o final daquele ano.