AMLO ou Lula?
Na economia, o mexicano vai levando a melhor.
O banco de investimentos Jefferies fez as contas e concluiu que o país governado por André Manuel López Obrador acaba de superar o Brasil como a maior economia da América Latina, usando como comparação o PIB convertido em dólares correntes.
Fazia 18 anos que a economia brasileira se mantinha na dianteira na região. “Not anymore…,” diz o Jefferies.
A economia mexicana está bombando, atraindo investimentos de empresas que procuraram reduzir a sua dependência de fornecedores chineses. O peso local é uma das poucas moedas que ganharam valor em relação ao dólar nos últimos meses.
Já a economia brasileira anda de lado – e o real não decola.
A população brasileira, vale lembrar, é 56% superior à mexicana (203 milhões vs. 130 milhões).
A comparação foi feita em dólares correntes, ou seja, dividindo o PIB em moeda local pela cotação do dólar. Medindo as economias com ajuste pelo paridade de poder de compra da população (PPP), o PIB brasileiro segue à frente do mexicano.
O PIB em PPP, calculado anualmente pelo Banco Mundial e outras instituições, serve para fazer uma análise mais precisa do padrão de consumo da população. Mas do ponto de vista do investidor estrangeiro, que busca lucros em dólares, o que interessa é a conversão pela cotação de mercado.
“Comparar os PIBs em dólares correntes e não em PPP é algo que pode ser debatido, mas essa ultrapassagem reflete a performance estelar no peso mexicano,” diz o relatório publicado hoje pelo Jefferies.
“Mais importante é o fato de o México ter alcançado isso sob um governo que a maior parte dos investidores concorda que não é o mais market-friendly da história recente,” afirmam os analistas do banco.
No relatório, o Jefferies analisa o possível impacto para o bottom line das instituições financeiras. Em média, os bancos da América Latina lucram o equivalente a 1,3% do PIB de seus países.
Aplicando um múltiplo entre 8x e 10x os lucros, o market cap fica entre 10% e 13% do PIB. O PIB mexicano está em US$ 2,1 tri, o que indica uma capitalização potencial do setor financeiro entre US$ 220 bi e US$ 275 bi. (Hoje, o market cap de todos os bancos mexicanos está ao redor de US$ 210 bi.)
“Correndo o risco de dizer o óbvio, a performance dos bancos na América Latina, do ponto de vista dos investidores em US$, permanece atrelada à performance das moedas locais,” diz o relatório.
O Jefferies nota que a apreciação do peso não está apenas relacionada à expectativa de maior crescimento do país como consequência do nearshoring, “mas também de um dos mais atrativos carry trades na região,” concluem os analistas.