O relator da MP de privatização da Eletrobras, deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), não agradou investidores numa videoconferência organizada pela XP no final da manhã. 

Lendo seu discurso num papel, Elmar fez de tudo para parecer market friendly. O deputado se disse um “liberal”, e disse que a Câmara e o Senado são mais liberais do que o Planalto.

Mas o liberalismo parou por aí.

Alguns argumentos de base conspiratória incluíram: “tem que ver quem esse projeto beneficia,” “tem que ver quem vai controlar nossa água”, “não podemos entregar para estrangeiros”.

Elmar disse que vai propor um projeto alternativo e que, no limite, seria melhor privatizar a empresa toda, e não apenas fazer o aumento de capital para fazer a União perder o controle.

Mas por que o mercado não aprovaria uma privatização total?

“O projeto que está aí está sendo discutido desde o Governo Temer e já passou por muita discussão e refinamento. Colocar um novo PL agora, mais radical, com eleição ano que vem? É óbvio que não passa! O ótimo é inimigo do bom.”

Outro analista que estava no call concordou:

“O relator parece não conhecer o modelo de ‘corporation/capitalização’. Ele chegou a falar em valores como R$ 150-200 bilhões se os ativos fossem vendidos separadamente para investidores estratégicos.”  

“Ele parece não ter visto que o leilão recente da Cesp foi de R$ 2 bilhões e atraiu só um comprador. Ora, se não houve comprador para R$ 2 bilhões num ativo semelhante, como achar os R$150-200 bi para Furnas, Chesf e Eletronorte?”

Para este analista, “o modelo proposto pelo governo é o que vai gerar maior ganho para o País.” 

As maiores e melhores empresas de energia do mundo são corporations, o mesmo modelo proposto no PL enviado pelo Governo.

Antes do evento, as ações da Eletrobras subiam 2%; agora caem 1%.