O Citi colocou uma recomendação de ‘compra’ na Eletrobras um ano atrás — três meses depois da privatização.
Agora, chamando a ação de ‘top pick’ do setor, o analista Antonio Junqueira listou sete motivos para comprar o papel — para ele, extremamente barato.
1) Velocidade das mudanças
Junqueira acha que a velocidade das mudanças na empresa acelerou desde a entrada do novo CEO. Em 45 dias, a Eletrobras já vendeu suas ações na AES Brasil, na Energisa e na Copel, além de sua térmica em Candiota.
“As mudanças não foram restritas à venda de ativos,” escreveu o analista. “A companhia acelerou os estudos para a incorporação de Furnas (para melhorar a eficiência fiscal), e trocou o vp de power trading, o CFO e o diretor de relações com investidores.”
2) Relações institucionais
Para o Citi, as relações institucionais da empresa também melhoraram desde a mudança no comando.
Junqueira disse que ainda é cedo para cravar, mas “parece que o novo CEO está começando a reconstruir algumas pontes com o Governo Federal.”
Ele lembrou que há duas semanas o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, dividiu o palco com Monteiro num evento em Brasília e elogiou o novo CEO, dizendo que “esse diálogo que o Ivan começou a demonstrar é muito benéfico. Ele deve gerar resultados positivos para as pessoas e para as relações institucionais entre a Eletrobras e o Ministério.”
3) CFO e RI
Outra melhora recente, na visão de Junqueira, foi na comunicação com o mercado. Monteiro nomeou como CFO Eduardo Haiama – um veterano da Equatorial – e contratou Carla Miller como RI. “Há muito a ser feito, mas os debates envolvendo a planta nuclear de Angra 3 mostraram como a comunicação da empresa melhorou.”
4) Geração e preços implícitos de energia
Junqueira diz que o negócio de geração garante uma proteção menor da inflação para os investidores quando comparado com os segmentos de distribuição e transmissão.
“Geração, na nossa visão, é um mix de infraestrutura tradicional/utility com um negócio de commodities. E como todo player de commodity, o ideal é que o risco da commodity seja assimétrico,” escreveu o analista.
Para ele, este é o caso da Eletrobras hoje, cujo valuation aponta para preços de energia de R$ 90/MWh na perpetuidade.
“Os preços de energia podem ficar em R$ 90/MWh para sempre? Sim, claro. Mas isso parece muito assimétrico, especialmente para uma companhia que roda principalmente hidrelétricas.”
5) O valor estratégico das hidrelétricas
Junqueira nota que quanto mais um sistema de energia é dependente de geração solar, eólica e de hidrelétricas que não tem reservatórios, mais volátil e imprevisível ele se torna.
E quanto mais imprevisível ele se torna, mais ele depende das hidrelétricas com reservatórios e das térmicas para garantir a segurança do sistema em momentos de alta demanda.
“Uma volatilidade crescente nos preços spot por hora ocorreu em vários países que passaram pelas mudanças que o Brasil está passando. Não deveria ser diferente aqui. E isso mostra o alto valor estratégico que as hidrelétricas com reservatórios tem.”
Ele disse ainda que o El Niño ainda deve aumentar essa volatilidade nos preços spot, criando oportunidades para os operadores de hidrelétricas.
6) Valuation
Outro fator decisivo para comprar a ação, segundo o Citi, é o valuation.
Nas contas do banco, a Eletrobras está negociando hoje a uma TIR real de 16,7%, o melhor retorno do setor. A Omega negocia a 13,8%, a Eneva a 12,8%, e a Copel e Neoenergia, a cerca de 12%.
7) Dividendos
Por último, mas não menos importante, o Citi acha que a Eletrobras deve criar uma política de dividendos no primeiro semestre de 2024 — e a expectativa é de dividendos robustos.
“Vemos o earnings yield médio da empresa entre 2025 e 2027 em 17,8%. E mesmo se usarmos um preço de R$ 90/MWh para o preço da energia, o earnings yield seria de 14%,” escreveu Junqueira. “Se o dividend yield se aproximar do earnings yield que esperamos, achamos muito provável que a ação performe bem.”
O Citi tem um preço-alvo de R$ 51 para a ação, que negocia hoje ao redor de R$ 35.
A empresa vale R$ 80 bilhões na Bolsa.