Elena Landau renunciou a seu mandato de conselheira da Eletrobras.
Ela estava no conselho desde o início do Governo Temer e presidia o colegiado desde junho, quando assumiu o cargo em substituição a José Luiz Alqueres.
Elena disse ao Brazil Journal que sua saída está ligada a um desejo de participar mais ativamente da vida pública e política do País, o que seria incompatível com sua posição de conselheira de uma empresa estatal.
Ela elogiou o CEO Wilson Ferreira, que “está fazendo um trabalho hercúleo”, e o Ministro das Minas e Energia, a quem reputa como “um dos melhores ministros do Governo Temer, muito corajoso.”
“Posso discordar de uma coisa ou outra, mas só de ele defazer o desastre da MP 579 no meio de uma crise política dessas mostra como ele está trabalhando muito,” disse.
Elena disse que decidiu sair agora porque as coisas estão bem encaminhadas na empresa: “o PDV se encerrou e as participações minoritárias estão à venda e a privatização das distribuidoras está caminhando.”
Elena será substituída na presidência por José Monforte, um veterano de conselhos.
O conselho da Eletrobras é formado por nove pessoas, três das quais são conselheiros ‘independentes’ mas nomeados pelo controlador: Landau, Monforte e Vicente Falconi. Agora, o Governo deverá indicar um substituto, que terá que passar pelo crivo da nova Lei das Estatais. Um quarto conselheiro, José Rangel, representa um acionista minoritário, o Banco Clássico.
Perguntei a Elena se havia alguma intromissão política na gestão da Eletrobras. “A governança da Eletrobras melhorou muito, e foi um trabalho de equipe. Hoje não há interferência política, mas mesmo quando há uma tentativa, você diz ‘não’. Temos liberdade para dizer ‘não’. Nunca tivemos problema em dizer não.”
Argumentei que seu antecessor, Alqueres, saiu do conselho em março reclamando do loteamento político. “Mas isso foi em Itaipu, e Itaipu é um caso muito específico, tem uma natureza jurídica diferente,” disse Elena, que é advogada. Ela lembrou que, quando houve pressão política recentemente para a troca do comando de Furnas, o conselho da Eletrobras tirou o assunto da pauta.
Para Elena, enquanto a Eletrobras tiver um conselho como o atual, a estatal vai resistir a qualquer agenda do controlador que prejudique a empresa. “MP 579 nunca mais”, disse.