Raras vezes em sua história recente o Brasil chegou a um final de ano num clima de tamanha incerteza sobre o que está por vir.

A angústia na garganta dos mercados ainda parece desconectada da economia real — mas é apenas questão de tempo para que o câmbio e a curva de juros atuais turbinem a inflação, puxem o PIB para baixo, tirem empresas da pista e afetem o nível de emprego. 

Para os mercados, 2024 foi mais um annus horribilis — o pior da história recente — com as empresas brasileiras se desvalorizando 35% em dólar, e o real se consolidando como a moeda mais fraca do mundo.

Até a Argentina está nos dando lições de como ajustar o tamanho do Estado e tocar a economia.

Fora a saúde, a família e os amigos, o Brasil de fato não tem muito a comemorar.

Se este clima azedo vai perdurar por mais dois anos depende essencialmente de uma única pessoa: um líder político que outrora governou o País pragmaticamente, e que hoje se abraça numa retórica vazia, governa ideologicamente e parece refém de sua bolha.

As chances de um 2025 saudável, com juros para baixo e investimento para cima repousam exclusivamente com o Presidente que dizia querer salvar a democracia — mas que agora coloca a economia e o seu próprio legado em risco. 

Hoje à meia-noite, brindemos por um cavalo-de-pau improvável, honrando o clichê de que a esperança é a última que morre.