Os analistas do Bradesco BBI se debruçaram sobre esse M&A, que começou a ser especulado em abril quando a Renner levantou R$ 4 bilhões num follow-on.

De lá pra cá, o CEO Fabio Faccio fez somente uma pequena aquisição — a Repassa, uma plataforma de venda de roupas e calçados usados — e o assunto Dafiti morreu. 
 
10938 0976aab1 a0bd 566e 55f1 80165db24469Mas agora, o Bradesco diz que o tema está de volta porque a Renner chamou uma assembleia de acionistas para aprovar a inclusão de novas atividades em seu objeto social.

A empresa quer incluir nas competências de sua diretoria e conselho a aprovação da aquisição direta e/ou indireta de ações de outras companhias — o estatuto hoje fala somente em aquisição de ativos. 

“Isso levou alguns investidores a se perguntar se a administração não estaria preparando terreno para um período mais ativo em M&As,” escreveu o time liderado por Ricardo Cathcart num relatório de 17 páginas.

Para o Bradesco, a combinação da experiência da Renner — lojas físicas, gerenciamento de estoques e desenvolvimento de produtos — com a expertise da Dafiti no comércio eletrônico criaria um negócio com potencial de crescimento muito maior. 

Com a aquisição, a Renner se tornaria uma gigante de fashion online com mais de R$ 5 bilhões de GMV — e uma varejista omnichannel com 31% das vendas online.

As sinergias — considerando apenas a redução de custos operacionais — podem aumentar a margem EBITDA da Dafiti em 2022 em 3 pontos, para 10%. 

A Dafiti adicionaria 8 milhões de clientes ativos ao negócio da Renner, quase R$ 4 bilhões de GMV, e categorias de produtos complementares (beleza, roupas esportivas e utensílios domésticos). Esses produtos, diz o Bradesco, são peças importantes no ecossistema que a Renner quer construir.

O Bradesco BBI estima que a Renner poderia pagar entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões — o que equivaleria a 1,7x EV/GMV.  O controlador da Dafiti, o GFG, estaria levando um prêmio de 100%, mas o múltiplo ainda seria inferior a 2,2x, a média de MercadoLivre e Magalu.

A transação tem potencial para acrescentar 17% — ou R$ 6 — ao preço da ação da Renner. 

O Bradesco tem recomendação ‘outperform’ para Renner e preço-alvo de R$ 52. O papel fechou ontem a R$ 34,40.