A CCR venceu a Ecorodovias vai manter a concessão da Dutra.

Num leilão realizado hoje, a CCR ofertou o percentual máximo de 15,31% de desconto para o valor do pedágio, enquanto o lance da Ecorodovias, foi bem inferior, de 10,60%. O valor da outorga apresentado pela CCR foi de R$ 1,77 bilhão.

Logo depois do resultado, as ações das duas empresas subiram na bolsa: a CCR porque garantiu o ativo por mais 30 anos; ela foi a vencedora da primeira licitação, em 1996. E a Ecorodovias porque mostrou “racionalidade” na sua oferta. “O ideal seria mesmo a CCR levar, porque ela tem mais balanço”, disse um gestor.  Mas… ambas as ações fecharam em queda  — junto com todo o mercado — em meio ao caos econômico engendrado pelo Governo Bolsonaro e pela Câmara dos Deputados.

A taxa interna de retorno (TIR) “desalavancada” do projeto é de 5,3%. Depois que a CCR levantar dívida, a TIR “alavancada” deve ficar próxima a 9%.

Um gestor observa que a NTN-B está pagando 5,7% acima da inflação (somente com risco Brasil), enquanto a Dutra vai pagar entre 8% a 9% acima da inflação.

O mercado comentou a falta de competição no leilão, que atraiu apenas essas duas empresas e nenhum player internacional. Após o evento, o ministro da infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, rebateu esse ponto de vista dizendo que só houve dois competidores porque se tratava de uma concessão para “gente grande,” e acrescentou que a CCR “tem investidores internacionais.”

Os analistas avaliaram que a vitória foi positiva para a CCR porque ela mantém o ativo, que já está funcionando, gerando caixa e contribuindo para seus resultados. A expectativa é que, também por conta disso, a alavancagem da CCR não seja muito afetada.

O indicador que relaciona dívida líquida e EBITDA estava em 2,3x no final do segundo trimestre. Pela política da empresa, ele pode chegar a 3,5x ou até ultrapassar esse número, desde que volte a ele em até 24 meses.

Passado os 25 anos iniciais de investimentos, a nova fase da rodovia deverá ser de modernização.

A CCR deve investir R$ 14,8 bilhões nos próximos 30 anos, e arcar com custos operacionais de R$ 11 bilhões nos 626 km de concessão.

A licitação foi apresentada como o maior leilão rodoviário da história. O trecho que já era operado pela CCR abrange 402 km da BR-116 entre São Paulo e o Rio, cortando 34 cidades. Agora, foram acrescentados à concessão mais 224 km da BR-101, entre a divisa dos dois estados até Ubatuba, além do compromisso de reconstrução da Serra das Araras.