A Desktop – a provedora de internet que atua no interior de São Paulo – acaba de anunciar um crescimento de três dígitos no top line e EBITDA do segundo tri, números que refletem em grande parte a estratégia de M&As que já dobrou o tamanho da empresa desde o IPO.

A receita cresceu 129% no período, para R$ 169 milhões, com uma margem EBITDA de 45% – um ponto percentual acima do mesmo tri do ano passado.

O lucro líquido ficou em R$ 10 milhões, alta de 76%. 

Além das aquisições, a companhia tem crescido também de forma orgânica. De abril a julho, a Desktop adicionou 44 mil novos clientes à base apenas com crescimento orgânico – ainda que 25% destes novos clientes tenham vindo por empresas que a Desktop adquiriu nos últimos 12 meses. 

“Tem clientes que vieram de outras ISPs, mas também muitos clientes que vieram das Big Telcos, tanto do cabo quanto da fibra,” o CFO Bruno Leão disse ao Brazil Journal. “Temos uma proposta de valor que entrega mais serviço pelo mesmo preço dos concorrentes, e que tem funcionado muito bem.”

A Desktop fechou o segundo trimestre com 711 mil clientes na base, mais que o dobro do que tinha no IPO, tornando-se a terceira maior ISP do Brasil, atrás apenas da Alloha Fibra (controlada pela EB Capital) e da Brisanet. De lá para cá, a companhia já fez cinco aquisições, incluindo a compra da Fasternet e IDC no mês passado

Até agora, a companhia tem ficado apenas no interior do estado de São Paulo, mas o CFO disse que já começou a olhar ativos em Minas Gerais e no Paraná.

Mas a atividade de M&As deve desacelerar nos próximos meses.

“Continuamos super animados com a avenida de crescimento inorgânico, mas com a mudança macro e o preço da ação estamos muito mais diligentes,” disse Bruno. “Tivemos que renegociar todos os contratos de diligência que tínhamos olhado lá atrás e estamos buscando ativos que precisem de menos capital e que não impactem nossa alavancagem.”

A companhia fechou o segundo tri com alavancagem de 2,8x, considerando o EBITDA pro forma anualizado. A dívida líquida está em R$ 850 milhões depois que a Desktop fez duas emissões de dívida nos últimos meses totalizando R$ 600 milhões. 

Um dos destaques do segundo tri foi o ganho de eficiência da companhia, que se refletiu no aumento da margem EBITDA. Esse ganho veio principalmente da maturação de mercados em que a companhia entrou recentemente. 

“Quando entramos numa cidade nova adicionamos um custo fixo de imediato [a infraestrutura e marketing, por exemplo], mas a receita só vem depois. À medida que esses mercados vão amadurecendo, com mais clientes entrando na base, esse custo fixo vai sendo diluído e a margem vai crescendo,” disse o CFO.

Como a Desktop está adicionando novas cidades ao mesmo tempo em que as antigas amadurecem, esse efeito positivo é parcialmente ‘offsetado’, mas o ‘net’ é positivo, gerando um crescimento marginal da rentabilidade, disse Bruno. 

Hoje, 45% da rede orgânica da Desktop tem menos de 12 meses de operação.

Outra parte do ganho de eficiência tem a ver com as sinergias dos M&As. Tipicamente, quando a Desktop compra um provedor de uma cidade do interior, esse provedor não tem um backbone que se conecte diretamente com a PPP de São Paulo – de onde a banda larga é comprada. Por isso, ele precisa pagar para um terceiro pelo uso da infraestrutura.

A Desktop já tem um backbone próprio que faz essa conexão, o que reduz de imediato os custos dessa operação.