A Equitas escreveu uma carta aos cotistas para tentar explicar seu desempenho em outubro, quando sua cota ficou negativa em 16,5% contra uma queda de 6,7% no Ibovespa.

Em grande parte, as perdas vieram da deterioração dramática das expectativas para a economia brasileira após a quebra do teto de gastos, festivamente patrocinada pelo Executivo e pelo Presidente da Câmara, Arthur Lira.

A revisão de expectativas, diz a gestora, foi equivalente a uma reprecificação de ativos depois de uma eleição presidencial vencida por alguém visto com desconfiança pelo mercado.

Os juros de 10 anos saíram de 9% em junho para 12,5% atualmente — um aumento de 350 pontos-base, dos quais 150 pontos-base somente em outubro.  Segundo a gestora, um movimento dessa magnitude na curva de juros em tão pouco tempo só havia ocorrido duas vezes nos últimos 15 anos: na crise financeira de 2008 e no segundo mandato de Dilma Rousseff.

No câmbio, diz a Equitas, nos últimos 26 anos não há registro de um descolamento tão acentuado entre o valor do real e os termos de troca — a diferença entre os preços de produtos que o país exporta e importa. Os indicadores não ficaram tão distantes nem na primeira eleição de Lula, em 2002.

A movimentação do câmbio favoreceu ações de empresas ligadas às commodities, que se desvalorizaram menos, mas o fundo da Equitas não tem tanta exposição a esses papéis. O fundo está mais focado em empresas ligadas à tecnologia e crescimento, negativamente afetadas pela alta dos juros; e também um pouco de small caps.

“O que temos clareza é que a magnitude do movimento recente foi enorme quando comparado a episódios históricos, o que sugere que olhando para frente algum reequilíbrio, reancoragem de expectativas e reversão dos preços de ativos seja mais provável do que a continuação da deterioração de expectativas”, diz a Equitas na carta. A gestora está mantendo suas apostas de longo prazo dentro de um horizonte de 3 a 5 anos.

Luis Felipe Amaral, fundador da Equitas, diz que a gestora quis passar aos cotistas a mensagem de que investir no longo prazo em ações no Brasil tem seus percalços.

“A cada 3, 4 anos vem uma confusão, o ambiente de negócios fica tumultuado. E nesses momentos de incerteza, os investidores olham demais para o macro e não separam o joio do trigo. Mas vamos atrás das oportunidades em empresas que vão superar a crise.”