A CVC Corp. fechou acordo com seus debenturistas para o alongamento de dívidas que somam perto de R$ 700 milhões — colocando fim à incerteza sobre sua estrutura de capital que pesava sobre seu valor de mercado.
O alongamento foi de 3,5 anos com o custo da dívida aumentando levemente, de CDI + 6,5% para CDI + 7%. (Esta taxa é composta por um cupom de 5,5% mais um aumento no PU do papel.)
A empresa também obteve uma carência generosa. A primeira amortização da dívida (de 10% do total) renegociada só acontecerá em novembro de 2024, seguida de 45% em novembro de 2025 e outros 45% um ano depois.
Como parte do acordo, a maior operadora de viagem do Brasil vai pré-pagar R$ 124 milhões, reduzindo sua dívida bruta para R$ 750 milhões.
“Esse é o menor patamar de dívida da CVC dos últimos cinco anos,” o CEO Leonel Andrade disse ao Brazil Journal. “Mesmo antes da pandemia nunca tivemos uma dívida tão baixa.”
O alongamento da dívida já foi aprovado por mais de 80% dos debenturistas, uma lista que incluía gestoras como XP, JGP, Citi e Polo Capital. O mínimo para a proposta ir adiante era 75%.
Segundo o CFO Marcelo Kopel, a expectativa da CVC é que outros debenturistas se juntem ao grupo, levando a adesão para próximo de “noventa por cento alto.”
O acordo com os debenturistas inclui ainda o compromisso da CVC de fazer um follow-on de R$ 125 milhões até novembro deste ano, dos quais R$ 75 milhões obrigatoriamente serão usados para amortizar dívidas. Caso o follow-on não aconteça, os debenturistas terão a opção de converter suas debêntures em ações da companhia no montante de até R$ 200 milhões.
Os credores colocaram os seguintes covenants nas debêntures da CVC: uma alavancagem menor ou igual a 3,5x o EBITDA a partir de dezembro de 2023, menor ou igual a 3x a partir de março de 2025, e menor ou igual a 2,5x a partir de março de 2026.
Dado que a empresa não aceitaria covenants que não espera cumprir, os números dão uma boa sinalização do ritmo no qual a empresa espera recuperar seu EBITDA nos próximos anos.
As negociações com os debenturistas aconteceram em meio a um mercado de crédito sofrido, com muita gente no mercado achando que a CVC teria dificuldades para reperfilar seu endividamento sem um aumento brutal do custo.
Segundo Leonel, as conversas foram difíceis, mas a empresa se beneficiou de ter “crédito e credibilidade.”
“Mesmo no pior momento da pandemia nunca deixamos de pagar ninguém em dia,” disse Leonel. “Nunca pedimos nenhum desconto e sempre honramos todos os nossos compromissos. O crédito aumenta e diminui, mas credibilidade você sempre precisa ter.”
O alongamento da dívida remove uma âncora importante da ação da CVC, que mergulhou nos últimos meses com a incerteza do processo.
Desde bater no low histórico na semana passada (R$ 2,79), o papel já andou 50% com o mercado antecipando que haveria um acordo.
Com a estrutura de capital equacionada, o CEO disse que a CVC agora vai focar em crescer as vendas e voltar a pensar em movimentos mais estratégicos.
A BR Partners assessorou a CVC na renegociação da dívida.