A entrada dos chineses no setor elétrico no Brasil não escapou ao superlativo que envolve quase tudo que se refere ao gigante asiático.

Em pouco mais de três anos no Brasil, a China Three Gorges (CTG) tornou-se a maior geradora privada de energia do País e já tem uma capacidade superior à usina de Itaipu. 

E o dragão não deve parar por aí.
Com a aquisição das hidrelétricas da Duke Energy, anunciada hoje, os chineses são donos de 8,27 mil megawatts (MW) de potência, à frente da francesa Engie (antiga GDF), que conquistou 7,3 mil MW em 18 anos no País.

Agora, os chineses estão atrás apenas das usinas da Eletrobras e, em geração, já são maiores que Itaipu (7 mil MW), Petrobras (6,2 mil MW) e Cemig (5,3 mil MW), de acordo com dados da Aneel.

Desde o ano passado, a CTG investiu quase R$ 20 bilhões em ativos no Brasil. Em agosto de 2015, comprou duas usinas médias do grupo Triunfo na região Sul, com 308 MW de capacidade instalada, por R$ 1,74 bilhão.

Foi um aquecimento para seu principal negócio, que ocorreu dois meses depois: a compra das hidrelétricas de Jupiá e Ilha Solteira, da Cesp, cujas concessões tinham vencido e foram relicitadas. Juntas, elas somam 5 mil MW de capacidade instalada, que a CTG levou por R$ 13,8 bilhões.

Na compra da Duke — disputada também pela Brookfield e Iberdrola, como comentamos aqui — a CTG desembolsou mais US$ 1,2 bilhão (cerca de R$ 3,8 bilhões) por oito hidrelétricas e duas pequenas centrais hidrelétricas, somando 2,27 mil MW de potência.

Até o fim dos anos 90, esses ativos faziam parte da Cesp e foram comprados pelos americanos em 1999, quando a Cesp foi dividida em três (a AES levou outro pacote de usinas, dando origem à AES Tietê).

Com o negócio de hoje, a CTG dá mais um passo para recompor a antiga estatal, e permanece como favorita para levar o que restou dela.

O governo de São Paulo já anunciou que vai privatizar a empresa, que hoje, inclusive, tornou-se pequena frente ao porte da CTG no Brasil – de relevante, restou apenas a concessão de Porto Primavera, com 1,5 mil MW de capacidade instalada.

A CTG continua com bala na agulha para além da recomposição da Cesp, e está de olho em praticamente todos os ativos de geração que são colocados à venda no país.

A Bloomberg disse no mês passado que a chinesa já fez oferta pelo controle da usina de Santo Antônio, que tem como acionistas Furnas, Cemig, Andrade Gutierrez, Odebrecht e Caixa FIP Amazônia.

Duas fontes do setor disseram ao Brazil Journal que a CTG também fez uma proposta pela Renova Energia, a empresa de energia eólica que está sofrendo com alto endividamento. A fatia de cerca de 20% da Light está à venda, mas os chineses querem apenas o controle – e esbarram na resistência da Cemig.