A Creditas acaba de levantar US$ 255 milhões numa rodada que avaliou a fintech fundada há oito anos em mais de US$ 1,75 bilhão (post-money) — mais que dobrando o valuation de sua última captação em julho do ano passado. 

11281 23488c12 e874 0ba4 73c9 534c45a11cf3A rodada Série E foi liderada pelo LGT Lightstone, um fundo de impacto de Londres, e teve a participação da Wellington Management, uma das maiores gestoras do mundo com mais de US$ 1 trilhão em ativos, da Tarsadia Capital, e.ventures e do Advent International (que investiu por meio de sua afiliada Sunley House Capital).

O Softbank, Kaszek, VEF (antigo Vostok) e a Amadeus Capital — que já eram investidores — também acompanharam. 

Esta é a sexta rodada da Creditas, que até agora havia levantado outros US$ 314 milhões. 

Fundada por Sergio Furio — um espanhol que trabalhou no Deutsche Bank e no Boston Consulting Group nos Estados Unidos — a Creditas começou como um marketplace de crédito que apenas originava clientes para bancos parceiros. 

Em 2016, passou a oferecer crédito diretamente com dois produtos: o ‘home equity’, no qual o cliente usa sua casa como colateral, e o ‘auto equity’, cuja garantia é o carro. Neste ano, suas ofertas passaram a incluir financiamento de automóveis, crédito consignado e antecipação de salário. 

A Creditas também lançou um produto de previdência privada, um cartão de benefícios e uma divisão de “consumer solutions” — que inclui um marketplace de produtos de alto valor (como smartphones) e um serviço de reforma de casas; em ambos os casos, as compras são descontadas do salário e podem ser financiadas pela Creditas. 

A capitalização vai ser usada para M&As, aquisição de novos clientes e desenvolvimento de produtos — tanto na área de crédito quanto de outros serviços financeiros e “consumer solutions”. 

“Queremos nos tornar uma plataforma de clientes, e não mais só de crédito,” Sergio Furio, o CEO e fundador, disse ao Brazil Journal. “Os serviços financeiros vão ser uma parte importante disso, mas nossa ideia é expandir cada vez mais o portfólio.”

O plano é ter um app que integre todas as soluções da Creditas e permita monetizar de diferentes formas a massa crítica de clientes que já tem financiamentos com ela. “Nossa diferença para um banco digital tradicional é que eles têm muitos clientes mas uma capacidade baixa de monetização. A gente tem poucos clientes mas com uma alta capacidade de monetizar.”

A Creditas também vai usar os recursos para financiar sua expansão no México, onde entrou há alguns meses. A ideia é “fazer em dois anos por lá o que a Creditas fez em quatro no Brasil,” disse o fundador.

A Creditas vai faturar R$ 320 milhões este ano, mais que o dobro do ano passado. De janeiro a setembro, a receita estava em R$ 232 milhões e o prejuízo, em R$ 129 mi. 

Agora, a empresa quer dobrar a receita a cada ano nos próximos três anos chegando a R$ 2,5 bilhões em 2023, quando a empresa estaria no breakeven. 

A Creditas já tem uma margem de contribuição (receita menos custos e despesas variáveis) positiva, de R$ 124 milhões nos primeiros nove meses do ano. Sergio diz que a empresa ainda dá prejuízo principalmente pelo custo de adquirir novos clientes e investimentos pesados em tecnologia. 

Conforme a empresa continuar crescendo, a tendência é que o CAC diminua e os investimentos em tecnologia não aumentem no mesmo ritmo da receita, fechando esse gap. 

A carteira de crédito também decolou neste ano, apesar da empresa ter pisado no freio por conta da covid. Hoje, a Creditas tem mais de R$ 1 bilhão em crédito no mercado, que estão divididos entre 11 FIDCs e CRIs — o dobro do ano passado. 

Questionado se a nova rodada seria a última antes de um IPO, Sergio disse que abrir o capital está nos planos da empresa e é um caminho natural para os próximos anos, mas que não descarta uma rodada intermediária antes disso. 

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