O Softbank está injetando US$ 200 milhões na Creditas a um valuation de US$ 700 milhões (post money), aumentando o fôlego da startup que desbravou o mercado de empréstimos com garantia no Brasil, um nicho praticamente inexplorado pelos bancões.
Num jantar com dezenas de empreendedores na semana passada, um executivo do Softbank disse que o fundo estava investindo na Creditas. O Brazil Journal confirmou os detalhes com pessoas envolvidas na negociação.
Fundada por Sergio Furio — um espanhol que trabalhou no Deutsche Bank e no Boston Consulting Group nos Estados Unidos — e pelo então CTO Leandro da Costa, a Creditas oferece linhas de crédito de R$ 5 mil a R$ 2 milhões para tomadores que tenham um imóvel ou veículo para dar como garantia.
O modelo reduz drasticamente a inadimplência, que é de menos de 2% na Creditas, e permite empréstimos a taxas mais baixas que no crédito tradicional.
Enquanto a taxa média de juros do cheque especial e do cartão de crédito é de mais de 13% ao mês, a Creditas cobra uma média de 2% no empréstimo com garantia de veículo e de 1,25% no crédito com garantia de imóvel — o produto conhecido como home equity nos EUA.
A Creditas estima que existam mais de R$ 10 trilhões em ativos (veículos e imóveis) disponíveis para serem usados como garantia no Brasil.
A beleza do negócio é que ela ganha em todas as etapas: recebe uma comissão do tomador do crédito e dos fundo pela originação; uma taxa mensal dos fundos por administrar a carteira; e é remunerada ainda por financiar a operação (a Creditas compra parte das cotas dos FIDCs — a parcela de maior risco — recebendo os juros da aplicação).
Hoje, a fintech opera com três FIDCs com cerca de R$ 150 milhões cada. Um para o financiamento dos empréstimos com garantia de auto, outro para o home equity e um terceiro para testar novos produtos.
A ideia da Creditas (que nasceu com o nome ‘Bank Fácil’) brotou durante uma conversa de Furio com sua namorada brasileira quando os dois ainda viviam nos Estados Unidos. Enquanto ela descrevia os altos juros no Brasil e a ineficiência do nosso mercado, ele teve o insight que deu origem ao negócio.
No começo, a Creditas funcionava apenas como um marketplace de crédito, produzindo conteúdo de finanças para gerar tráfego e originando clientes aos parceiros com uma ferramenta que comparava empréstimos de diferentes instituições. (Por cada cliente que direcionava, ganhava uma comissão).
Até que em 2016, migrou para o modelo atual.
Desde então, a Creditas emprestou mais de R$ 500 milhões — boa parte no ano passado — e viu seu faturamento crescer de forma exponencial. Em 2016, a receita líquida cresceu três vezes; em 2017, sete vezes; e em 2018, cinco. Até 2022, a previsão é multiplicar o número por 27.
A empresa deve começar a oferecer empréstimo com garantia de auto e imóvel também para empresas — hoje ela atua apenas com pessoa física — e lançar novas modalidades de crédito usando outros ativos como garantia.