Um conselheiro da 3R Petroleum comprou puts da companhia ao longo do mês passado — levantando questionamentos no mercado se a movimentação teria relação com o follow-on de hoje, que levou o papel a despencar cerca de 15%.
A informação consta no formulário mensal que as empresas enviam à CVM ao final de cada mês com a posição consolidada dos membros do conselho e da diretoria.
Segundo o documento, no final de fevereiro os conselheiros da 3R detinham coletivamente 4,3 milhões de ações e 1,6 milhão de opções de compra.
Um mês depois, no final de março, a posição à vista se manteve praticamente a mesma, mas as calls passaram para uma posição negativa de 500 mil, e os conselheiros ainda compraram 2,5 milhões de puts.
A virada de mão chamou a atenção do mercado, com o assunto incendiando grupos de investidores no Whatsapp, que vêem a transação como um clássico caso de insider trading.
“De comprado em call para comprado em put na véspera do follow-on inesperado…” escreveu um investidor que disse não ter posição na empresa.
O formulário da CVM não permite saber qual conselheiro fez a movimentação, mas uma fonte do conselho disse ao Brazil Journal que a transação foi feita por Richard Gerdau Johannpeter, um dos representantes da família Gerdau no conselho. A Gerval, o veículo de investimento da família, tem cerca de 10% da 3R – depois da companhia ter reduzido sua participação em 1 ponto percentual no início de março.
Segundo essa fonte, a operação foi um collar, um tipo de operação com opções em que o investidor vende uma call à vista, dentro do dinheiro, e compra um put spread.
A operação permite ao investidor continuar exposto à ação ao mesmo tempo em que se protege de uma queda temporária.
Segundo essa fonte, a montagem do collar “não teve nenhuma relação com o follow-on,” e foi feita no início de março porque Richard estava preocupado com o imposto sobre a exportação de petróleo, instituído pelo governo pelo prazo de quatro meses.
Qualquer que seja o motivo, a transação levantou questionamento sobre negociações com ações na pessoa física por parte de conselheiros que têm acesso a informações materiais e privilegiadas.
“A pessoa pode estar na melhor das boas intenções e fazendo a operação por um motivo, mas aí vem o follow-on e todo mundo vai achar o quê?” disse um analista do buyside.
Além de Richard, o conselho da 3R tem outros seis membros, nenhum dos quais negociou opções em março: Roberto Castello Branco (o chairman), André Bartelle, Guilherme Affonso Ferreira, Harley Scardoelli, Paula Kovarsky, e Carlos Alberto Pereira de Oliveira.
A 3R disse que não comentaria o assunto.