A Barron’s se debruçou sobre a rede de logística da Amazon e da Whole Foods e concluiu: a compra da rede de produtos orgânicos vai colocar a Amazon a apenas uma hora de carro de mais de 70% da população americana — cerca de 224 milhões de pessoas.
 
O título do artigo resume tudo:  “How 2-Day Shipping Could Become an Hour or Less”.
 
Para medir o impacto da compra da Whole Foods, a Barron’s analisou a localização das 444 lojas da Whole Foods e dos chamados ‘fulfillment centers’ da Amazon (locais onde a empresa mantém estoques), bem como dados do Censo dos EUA e um banco de dados sobre tempos de deslocamento de carro.
 
Ao relacionar os números, a revista concluiu que a aquisição faz com que “entregas a domicílio em uma hora se tornem uma possibilidade real, assumindo que a Amazon também use seu talento para simplificar o processo de pedidos e embalagem.”
 
“Para a Amazon, o significado da compra da Whole Foods tem a ver com muito mais do que apenas alimentos orgânicos,” diz a revista em sua edição deste fim de semana.
 
Ou seja, o segredo da compra é a logística.
 
“O resultado pode ser um ‘game changer’ [divisor de águas] para a Amazon, que tem fortalecido a ‘ultima milha’ de sua rede de entregas enquanto tenta entrar no mercado de compras de supermercado,” diz a revista.
 
A Barron’s lembra que a Amazon já entrega mantimentos na casa do cliente há 10 anos, quando lançou o AmazonFresh. Apesar do negócio crescer 30% ao ano, o faturamento do AmazonFresh no primeiro trimestre foi de apenas US$ 350 milhões. Isso é uma fração do mercado total de ‘groceries’, que faturou US$ 150 bilhões no mesmo período. (A Whole Foods fatura US$ 4,9 bi em um trimestre.)
 
“A Amazon tem uma grande rede de logística espalhada pelos EUA:  são mais de 100 ‘fulfillment centers’, onde os produtos são armazenados, e mais ‘sorting centers’, onde os pacotes são separados por código postal e depois enviados para a agência dos Correios mais próxima para a entrega final. A empresa tem contratado cada vez mais operadoras para esta ‘última milha’, e ainda usa os serviços de transporte nacionais da UPS e da FedEx para enviar pacotes diretamente dos ‘fulfillment centers’. Esta rede — de várias camadas — significa que quase todos os membros da Amazon Prime nos EUA recebem suas entregas em dois dias.”

Mas entregar mantimentos para a AmazonFresh é outra estória, diz a Barron’s. “Ao contrário da cobertura onipresente da Amazon Prime, a AmazonFresh só está disponível até agora em algumas áreas metropolitanas, incluindo Seattle, São Francisco, Los Angeles, Nova York, Filadélfia, Baltimore, Boston, Atlanta, Dallas, Chicago e Denver. O desafio está em parte na distribuição.” (O serviço Prime Now também já entrega em 2 horas, mas somente em regiões metropolitanas específicas.)
 
E é aí que a Whole Foods completa o que faltava.
 
“Alimentos frescos exigem condições especiais de entrega; os itens são embalados com gelo ou gelo seco. A Amazon construiu seu próprio sistema de entrega da última milha com as chamadas ‘estações de entrega’. Normalmente localizadas em subúrbios ou aeroportos ao redor das grandes cidades, essas estações recebem e embalam ordens de compras e as entregam diretamente aos clientes no mesmo dia. Ainda assim, as estações de entrega estão normalmente fora dos centros da cidade e longe das áreas mais populosas” — exatamente as áreas onde a Whole Foods é forte.
 
Em Nova York, por exemplo, qualquer endereço de Manhattan está a 10 minutos de alguma loja do Whole Foods.