Um ano e meio depois de começar a formatar o projeto, o BTG Pactual lançou hoje sua plataforma para pessoas físicas e jurídicas — a peça final da estratégia do maior banco de investimentos independente do País de se tornar um banco de varejo completo.
No BTG+, a marca do banco para pessoas físicas, o BTG vai lançar nas próximas semanas uma conta corrente e um cartão de crédito com um programa proprietário de fidelidade, por enquanto apenas para os clientes do BTG Digital (o app de investimentos que já existe desde 2016).
A partir de janeiro, o BTG+ será disponibilizado para qualquer pessoa, e soluções de home equity, cheque especial, financiamento de automóveis e seguros serão adicionadas à plataforma.
Um dos diferenciais do programa de fidelidade do BTG+ é a plataforma aberta: o cliente poderá escolher em qual programa de fidelidade quer acumular, ou se prefere investir seus pontos num fundo gerido pelo banco.
O CEO Roberto Sallouti disse que a participação do varejo na receita e no resultado do BTG vem crescendo todos os trimestres de forma consistente e que várias unidades já são lucrativas, entre elas o Banco Pan, o segmento de crédito para PMEs e o Pan Seguros.
“O BTG Digital está a alguns meses de se tornar lucrativo, e o BTG+ esperamos que se torne lucrativo em dois a três anos,” disse ele. “Não seria fora da realidade esperar que metade da nossa receita viesse do varejo digital em 5 anos.”
Num primeiro momento, o BTG+ e o BTG Digital serão duas plataformas separadas, mas com algumas integrações. No app do BTG+, por exemplo, o cliente poderá ver seu saldo de investimentos e algumas informações básicas da sua carteira.
Rodrigo Cury, um ex-executivo do Santander, Citibank e Barclays que hoje lidera o BTG+, disse que o banco vai se diferenciar dos bancões pela experiência do consumidor (UX) e pelo atendimento humanizado e personalizado.
Segundo ele, a home do aplicativo será personalizada de acordo com o comportamento de uso de cada usuário, o que deve facilitar a navegabilidade. Se um cliente costuma olhar mais seus investimentos no app, por exemplo, essa aba terá destaque.
“Quando o momento de pagar impostos como IPVA e IPTU estiver chegando também vamos colocar esse ícone em destaque na home,” diz Cury. “Criamos o design pensando principalmente na usabilidade e nos inspiramos em apps como o Waze, Netflix e Whatsapp, que o consumidor usa todos os dias.”
A experiência de visualização da fatura do cartão também será diferente: o BTG vai transformar os dados de consumo em gráficos, o que deve tornar a visualização mais agradável e intuitiva.
Na parte de atendimento, o banco está usando sistemas preditivos para se antecipar ao problema dos clientes, e o atendimento será 24 horas por dia, 7 dias por semana, via chat, telefone e email.
No BTG+ Business, a plataforma bancária para PMEs, o BTG vai oferecer uma conta transacional além de serviços de cash management que já oferece a grandes empresas, como soluções de pagamentos de fornecedores e funcionários.
O BTG disse que está liberando R$ 1 bilhão de crédito para PMEs todo mês.
Desde o ano passado, o banco já oferece um serviço de crédito para PMEs, e sua carteira já está em R$ 4,9 bilhões depois de 20 meses de atuação. O banco tem cerca de 5,3 mil clientes no segmento.
O anúncio de hoje coloca o BTG num mercado disputado por nomes como Banco Inter, C6, Neon — além dos grandes bancos de varejo —, e vem dois meses depois da XP lançar seu cartão de crédito, em meio a planos de também oferecer toda a gama de serviços bancários.
Um analista de mercado disse que o BTG deverá ter sucesso em tombar a base atual de clientes do BTG Digital no BTG+, mas que a adesão de novos clientes vai depender de execução e marketing.
O mercado acredita, segundo este analista, que o cliente típico do BTG Digital é um público de alta renda, que, no Itaú, seria atendido no Personalité ou acima dele.
O BTG disse que planeja fazer uma campanha forte de marketing a partir de janeiro, quando o produto estará disponível para novos clientes.