A Cogna e a Eleva acabam de anunciar a conclusão de uma troca de ativos que permite a ambas as empresas aumentar o foco em seus negócios ‘core’, desalavancando a Cogna num ano ainda difícil e permitindo à Eleva dar um salto de escala. 

A operação é constituída de duas transações paralelas. 

10621 f99987a7 021b 4cda 5201 19afbab25eabA Vasta — controlada pela Cogna — comprou o sistema de ensino da Eleva por R$ 580 milhões, um múltiplo de 6x receita e de 16,6x o EBITDA do ano passado.

Na outra ponta, a Eleva adquiriu todas as 51 escolas da Saber, o braço B2C de educação básica da Cogna, por R$ 964 milhões (1,5x receita e 16,3x EBTIDA). 

A Cogna receberá R$ 625 milhões em dinheiro; o restante do valor (R$ 339 milhões) será pago em dinheiro ou ações da Eleva, se a Eleva fizer um IPO em até 18 meses após a aprovação do CADE. 

O CEO Rodrigo Galindo disse ao Brazil Journal que a Cogna “queria manter alguma participação na consolidação que a Eleva vai fazer nos próximos anos na educação básica.”

A transação também envolve um acordo comercial de longo prazo entre as duas empresas. Todas as escolas da Eleva (com exceção das marcas ‘premium’, que representam 5% do faturamento) contratarão os sistemas de ensino da Vasta pelos próximos dez anos — permitindo que a Cogna se beneficie do crescimento da Eleva tanto como acionista quanto como parceiro comercial. 

Segundo Galindo, os novos contratos vão adicionar R$ 95 milhões ao annual contract value (ACV) de 2021 da Vasta — que já é dona dos sistemas de ensino Anglo, pH, Par, Pitágoras, Ético, Maxi e Rede Cristã. 

A transação é a primeira grande aquisição da Vasta desde seu IPO no ano passado, quando a empresa levantou US$ 405 milhões na Nasdaq com a promessa de conduzir uma intensa agenda de M&As. 

11150 6cab8693 0680 c21c b23c 2d889cd42b11Com a transação, a Eleva passa a ter 246 escolas e acrescenta 30 mil alunos à sua base, chegando a mais de 120 mil e se consolidando como o líder disparado do setor. Ainda assim, a empresa tem menos de 1,5% de market share no mercado de educação básica, o K-12 no jargão do setor.  

“Vimos a oportunidade de fazer três anos de M&As numa tacada só,” disse Bruno Elias, o CEO da Eleva. “E todas as escolas que compramos são marcas muito fortes e que foram muito bem construídas.”

A transação deve adiar um pouco os planos de IPO da Eleva, que já havia contratado um sindicato de bancos e estava com tudo engatilhado para vir ao mercado no primeiro semestre. “Agora, o foco será na integração das operações,” disse Bruno. 

O maior acionista da Eleva é o fundo Gera, cujo maior cotista é Jorge Paulo Lemann e que detém cerca de 56% da empresa.  O Warburg Pincus, que investiu R$ 300 milhões na companhia em 2017, tem 26%, e o restante está nas mãos do management e de donos de escolas que venderam seu negócio para a Eleva.

Mattos Filho e Spinelli Advogados foram os assessores jurídicos da Cogna, que não usou bancos na negociação.  O Itaú BBA fez o fairness opinion para a Cogna; e o Bradesco BBI, para a Vasta. 

A Eleva foi assessorada pelo BMA — Barbosa Müssnich Aragão.