Os credores do Cencosud — o grupo chileno de supermercados e shoppings — estão se articulando para fazer uma venda total ou parcial da operação brasileira.
Desde 2009, o Cencosud investiu 4,5 bilhões de dólares em oito aquisições no Brasil, Chile, Colômbia e Argentina.
No Brasil, o grupo comprou o Bretas, em Minas Gerais, o Prezunic, no Rio, e o GBarbosa, no Nordeste. Mas a integração das operações foi um pesadelo, e a empresa está próxima de estourar limites de endividamento.
Resultado: depois de atingir um valor de mercado de 19 bilhões de dólares no fim de 2010, o Cencosud vale hoje apenas 7 bilhões de dólares. O CEO que encheu o carrinho com essas aquisições deixou a empresa em novembro e agora é CFO da FEMSA, a cervejaria mexicana.
Sob pressão dos bancos, o Cencosud agora começa a desenhar uma estratégia para dar a volta por cima.
De sexta-feira até ontem, as ações do grupo subiram 17% na Bolsa de Nova York depois que a empresa disse que pode fazer um spinoff e IPO de seus shopping centers (incluindo 75 lojas-âncoras com a bandeira Cencosud). Os bancos de investimento estimam que o Cencosud possa transferir quase 2 bilhões de dólares de dívida para essa “Cencosud Malls” e levantar mais 1 bilhão de dólares vendendo 40% dessa empresa.
A venda do Cencosud Brasil e a entrada de Abilio Diniz no Carrefour Brasil podem dar novo impulso ao mercado de fusões e aquisições de supermercados.
Desde 2010, o grande comprador deste mercado foi o próprio Cencosud. O Carrefour está fora desde a compra do Atacadão em 2007, e o Grupo Pão de Açúcar/Casino, desde as Casas Bahia.
Só que, hoje, a diferença de faturamento do Casino para o Carrefour no varejo de alimentos é de apenas 4 bilhões de reais, e o mercado supõe que Abílio Diniz queira a liderança.
ATUALIZAÇÃO: A assessoria de imprensa do Cencosud pediu a publicação da seguinte nota. “O Grupo Cencosud nega a informação de quaisquer reestruturações de suas operações no Brasil. A empresa desconhece interesses de vender no todo ou em parte os seus negócios no País.”