A Cemig mandatou a Merrill Lynch e o Itaú BBA para vender na Bovespa toda sua participação na Taesa que excede o controle da companhia de transmissão.
A transação — que pode levantar até R$2 bilhões a preços de hoje — deve vir a mercado no final de agosto, depois que a Taesa publicar seu resultado do segundo trimestre em 8/8.
A venda é uma decisão óbvia para a Cemig, que precisa levantar caixa para reduzir sua dívida, como já discutimos aqui. A Taesa — abreviação de Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A. — é um ativo líquido pelo qual existe demanda, ainda mais num momento em que o setor elétrico se beneficia da postura mais pró-mercado do novo Governo. A empresa vale cerca de 8 bilhões de reais na Bovespa e, a preços atuais, negocia a uma taxa interna de retorno nominal de 7% (ou 2%, em termos reais).
A Cemig faz parte de um grupo de controle que detém 65,5% da Taesa: ela tem 43,4% diretamente e 22,1% são controlados pelo FIP Coliseu, onde os cotistas são fundos de pensão e o Banco do Brasil.
Em 1 de junho, a CEMIG desvinculou 16% do capital da Taesa do acordo de acionistas que mantém com o FIP Coliseu para que pudesse oferecer estas units em garantia a compromissos assumidos perante o FIP Redentor, um veículo que os bancos, sócios da Cemig, usavam para participar do capital da Light.
Se os bancos que receberam a garantia concordarem com a venda, isto abriria caminho para a venda de 30% da Taesa na Bolsa, já que a Cemig também desvinculou do acordo outros 6,5% do capital, e o Coliseu, 7,3%.
A Cemig também anunciou planos de desvincular, até o final deste ano, outros 7,8% do capital da Taesa do acordo de acionistas com o FIP Coliseu, que, por sua vez, deverá desvincular mais 2%.
A ação da Taesa tem subido nos últimos dias em linha com o rally do setor elétrico, mas também em virtude de muitos detentores do papel estarem chamando de volta o aluguel, forçando os vendidos a recomprarem a ação.
O short interest na Taesa — as ações vendidas a descoberto por investidores apostando na baixa — está em 10,2 milhões de ações, o equivalente a 3% do free float ou nove dias de negociação. Na CBLC, a taxa média do aluguel de Taesa saiu de 1,5% ao ano em 15 de julho para 9% hoje. Para novos empréstimos, a taxa está em 25% ao ano.