A Equatorial Energia fez uma proposta à Cemig para comprar o controle da Light, a distribuidora de energia que atende à região metropolitana do Rio de Janeiro.
A Cemig ainda não respondeu.
A Enel, companhia italiana que controla a Ampla Energia, cuja área de concessão inclui o resto do Estado do Rio, também está analisando fazer uma proposta pela Light, dadas as óbvias sinergias de uma fusão.
É fácil entender por que a Equatorial — conhecida pelo ‘turnaround‘ da Cia. Energética do Maranhão (Cemar) — vê oportunidades de gerar eficiência na Light, uma empresa que, em sua história recente, nunca esteve de fato em mãos privadas. Quando finalmente saiu das mãos do Governo Federal há exatos 20 anos, a Light foi vendida para um consórcio liderado pela Electricité de France (EdF), uma estatal não exatamente conhecida por sua eficiência.
Depois, passou para o controle da Cemig, a estatal mineira.
No fim de março, a empresa tinha R$6,3 bilhões em dívida líquida, o equivalente a 4,24x sua geração de caixa anual. Esta dívida corre a uma taxa média de 14,5% ao ano; há dois anos, o custo anual era de 11,3% ao ano. A Light tem vencimentos gigantescos nos próximos três anos: R$1,2 bilhão este ano, R$ 1,2 bilhão em 2017 e R$1,4 bilhão em 2018.
A situação da Cemig não é muito melhor, o que obriga a empresa a ter que vender ativos.
Semana passada, a Fitch Ratings rebaixou a nota de crédito da Cemig e disse que a empresa terá que fazer desinvestimentos “em volumes significativos” para reduzir sua dívida.
A Fitch estima que a dívida líquida da Cemig — hoje ao redor de 3x sua geração de caixa — vai aumentar para uma faixa entre 4 e 5 vezes nos próximos três anos, “em decorrência do término de importantes concessões de geração até 2017, do impacto do negativo cenário macroeconômico sobre o segmento de distribuição e das novas dívidas contraídas para financiar seu plano de investimentos.”
“Ainda que o grupo tenha satisfatório acesso à captação de recursos nos mercados bancário e de capitais, mesmo em cenários de crédito mais desafiadores, e que já tenha rolado parte da dívida de curto prazo reportada ao final de março de 2016, a [Fitch] avalia negativamente o perfil de dívida da Cemig.”
Cerca de 74% da dívida da Cemig vencem até 2018 — um total de R$ 11,2 bilhões.