A Pagaleve – uma fintech especializada em parcelar compras via PIX – acaba de levantar R$ 160 milhões numa rodada que combina equity e aportes no FIDC da companhia.
A rodada foi liderada pela gestora australiana OIF Ventures e pelo fundo Sun Hung Kai & Co, um dos maiores da Ásia. Também participaram da rodada a Credit Saison e a Endeavor Catalyst.
Além disso, 12 acionistas atuais da companhia – como a Salesforce Ventures e a BB Ventures – reforçaram suas posições no captable.
Com a rodada, a Pagaleve chegou a um valuation próximo de R$ 1 bilhão, segundo o CEO e fundador Henrique Weaver.
Weaver, um executivo que já trabalhou na McKinsey, Uber e Coca-Cola, e Michael Greer, que atuou no Zip, um unicórnio australiano de buy now, pay later (BNPL), fundaram a Pagaleve há quatro anos para criar uma forma de parcelamento no e-commerce dispensando o uso do cartão de crédito.
Como cerca de 40% dos brasileiros não têm acesso ao cartão – e muitos dos que têm operam com limites baixos – a Pagaleve basicamente trouxe o “carnezinho gostoso” para a internet, mas com um detalhe: 90% de suas transações não têm juros para os clientes.
O carro-chefe da startup é o parcelamento quinzenal em 4x sem juros no PIX.
Segundo Weaver, o risco de crédito fica 100% com a Pagaleve. A única coisa que a fintech cobra do lojista é uma taxa similar à cobrada pelas empresas de cartão de crédito: 8% + R$ 0,80 por transação.
“Mas é um valor de entrada; dependendo do tamanho do cliente e da operação, podemos negociar,” Weaver disse ao Brazil Journal.
Hoje a Pagaleve atende varejistas como AliExpress, Temu, Pague Menos, Reserva, Vivara e Diesel, e já chegou a 5 milhões de consumidores.
Mesmo sem cobrar juros, o CEO disse que a inadimplência está em apenas 2%, enquanto a taxa de aprovação supera os 70%.
Segundo ele, o segredo para esses números está na tecnologia do motor de risco da Pagaleve: utilizando AI, a ferramenta analisa mais de 100 variáveis por transação (desde cor do produto, horário da compra e dispositivo usado).
“Nosso modelo entende nuances que um analista humano não conseguiria ver. Por isso conseguimos aprovar mais e perder menos,” disse Weaver.
Resultado: o sistema da Pagaleve atinge um coeficiente KS – uma métrica utilizada para distinguir bons e maus pagadores – de 45%, enquanto o setor bancário opera entre 20% e 25%, disse Weaver.
Com o dinheiro do aporte, a Pagaleve quer expandir, mas sem perder a rentabilidade. A fintech chegou ao breakeven no fim do ano passado e já é lucrativa.
Segundo o fundador, a receita cresceu 6x nos últimos 12 meses, e a projeção é chegar a R$ 500 milhões de receita anualizada até o fim do ano que vem.
A Pagaleve está otimista com o crescimento do mercado e não vê uma ameaça no PIX parcelado, que deve ser lançado em breve pelo Banco Central.
“O que os bancos chamam de PIX parcelado é, na prática, um empréstimo pessoal com juros e fricção. O nosso é integrado ao checkout do varejista e sem juros,” disse Weaver.
Essa integração é um dos motivos do sucesso da Pagaleve, segundo o CEO. Na hora de finalizar a compra em um site parceiro, o consumidor vê a opção do PIX parcelado da Pagaleve entre todos os meios de pagamento.
“O produto encaixou tão bem que crescemos organicamente, sem propagandas: só com a vitrine dos varejistas,” disse Weaver.
Hoje a Pagaleve atrai cerca de 150 mil novos consumidores por mês, e 75% da receita vem de clientes recorrentes.
Weaver disse que a empresa não precisará de novos aportes num horizonte curto, mas que deve seguir indo a mercado para novas rodadas do FIDC.