A Eli Lilly anunciou hoje que vai solicitar a aprovação global de seu comprimido para perda de peso — o orforglipron — após o remédio cumprir todos os objetivos propostos pela empresa em seu último estudo clínico e ajudar pacientes obesos e com diabetes tipo 2 a perder até 10% do seu peso.

“Esperamos lançar o medicamento no meio do ano que vem,” o CEO da Eli Lilly, David Ricks, disse à CNBC.

A ação da empresa subia 3% em Nova York para US$ 717. Nos últimos 12 meses, o papel recua 24,5%.

No estudo, a dose mais alta do comprimido (36 mg por dia) ajudou os pacientes a perder em média 10,5% do peso em um ano e meio, contra uma perda de 2,2% entre aqueles que tomaram um placebo.

Entre todos os pacientes — inclusive os que tomaram doses mais baixas (12 mg ou 6 mg) e os que interromperam o tratamento antes do fim — a perda de peso foi de 9,6%.

O medicamento também atingiu o objetivo de reduzir os níveis de glicose em pacientes com diabetes tipo 2: 75% dos participantes que ingeriram a maior dose do orforglipron registraram, ao fim do estudo, níveis abaixo de 6,5% no exame A1C, o que indica que deixaram de atender aos critérios para diabetes tipo 2 nessa métrica.

Os efeitos colaterais da pílula foram na sua maioria gastrointestinais. Cerca de 23% das pessoas que tomaram a dose mais alta apresentaram vômito, 27% tiveram diarreia e 36,4% se queixaram de náuseas. 

Do total de pacientes expostos à maior dose, 10,6% abandonaram o tratamento por passarem mal.

O teste acompanhou mais de 1.600 pessoas, que receberam aleatoriamente uma das três doses diferentes da pílula da Eli Lilly ou um placebo. 

Este é o terceiro conjunto de dados de estágio avançado que a empresa divulga sobre o orforglipron este ano. 

Em abril, o comprimido já havia sido bem-sucedido em um estudo com pacientes com diabetes sem obesidade; e no início deste mês, atingiu as metas em um ensaio com participantes com obesidade e sem diabetes.

A reação do mercado ao último estudo foi negativa, pois outros produtos disponíveis no mercado apresentam resultados superiores aos entregues pelo orforglipron, e com efeitos colaterais menores.

No entanto, o remédio ainda pode se tornar uma importante alternativa no mercado dos GLP-1. Por ser um comprimido, é mais barato de produzir e pode alcançar mais pessoas. Além disso, ao contrário de outros medicamentos via oral para tratar obesidade, não requer restrições alimentares ou de ingestão de água. 

A pílula da Eli Lilly atua, assim como os seus rivais, sobre um hormônio intestinal chamado GLP-1, buscando suprimir o apetite e regular o açúcar no sangue. O seu diferencial é que não é um medicamento peptídeo, o que facilita sua absorção pelo corpo.

“A conveniência e a ausência de requisitos de jejum são os principais diferenciais do orforglipron quando se comparam remédios de eficácia semelhante para mudança de peso e níveis de A1C,” Jaime Almandoz, um médico na UT Southwestern, disse à CNBC.

O orforglipron “pode não ser a resposta” para pacientes com sobrepeso mórbido, Howard Weintraub, um cardiologista na NYU, disse ao canal de notícias, mas “para muitas pessoas que precisam perder uma quantidade considerável de peso, perder 10% pode fazer uma grande diferença”.

A Eli Lilly vale US$ 681 bilhões na Bolsa.